segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Kalimantan: impressões, emoções e reflexões (15)


Um almoço fraterno com os MSF de Tarankan

Uma visita breve e agradável
Tarankan é uma cidade de porte médio e notável dinanismo econômico, com 193.000 habitantes e apenas duas paróquias católicas, com aproximadamente 8.000 católicos (5% da população). Os Missionários da Sagrada Família chegaram lá muito recentemente, há menos de um ano. Na noite de sábado, 24 de março, o Pe. Wahyu colocou em ação seus dotes culinários e nos brindou com uma exclente e abundante janta, com cardápio italiano. Jantaram conosco alguns líderes paroquiais e a a comunidade das Irmãs, que têm um colégio ao lado da igreja paroquial e têm uma boa relação com nossos coirmãos, assim como uma noptável inserção na paróquia.
Nosso vôo partiria de Tarankan às 7:25 de domingo, dia 25, de modo que devríamos estar no aeroporto às 5:30 de manhã. Acontece que já eram 5:45 e o nosso motorista, que nos levaria com o carro que as irmãs dispuseram (pois nossos coirmãos só podem contar com uma moto como meio de locomoção e de trabalho) não aparecia. Foi preciso ir até a casa dele e acordá-lo... Mesmo assim chegamos no aeroporto em tempo, pois nossa casa, mesmo estando na área suburbana, dista apenas 15 minutos do aeroporto. Assim, às 7:25 em ponto partimos rumo a Surabaya, com escala em Balikpapan.
O vôo até Surabaya durou 3 horas, incluídos os 50 minutos de escala em Balikpapan. Nosso destino era Malang, mas descemos em Surabaya, a segunda cidade da Indonésia do ponto de vista populacional: 2,8 milhões de habitantes. É também conhecida como a cidade mais limpa da Indonésia, fama que podemos confirmar, ao menos pelo pouco que pudemos ver. É também um dos mais procurados endereços turísticos deste país composto de 12.000 ilhas e com uma população de mais ou menos 250 milhões de habitantes, a maior população mussulmana do planeta. Está situada no leste da ilha de Java.
Aspecto interno da casa MSF de Malang
A distância entre Surabaya e Malang é de mais ou menos 100 km. Chegamos a nos animar com a bela e ampla autoestrada que percorremos na saída da cidade, mas nossa animação logo terminou: voltamos a encontrar o trânsito intenso, as estradas estreitas e com as margens intensamente povoadas em toda a sua extensão. Assim, demoramos 3 horas para percorrer os 100 km! E isso mesmo contando com um bom carro e com estradas sem buracos. Mas esse é o preço que se paga numa região com alta densidade populacional e sem transporte público.
Malang é uma cidade com 807.000 habitantes, cujo nome significa literalmente “azarada”. É uma cidade de universitários (como Jogyakarta), pois ali se concentram mais de 100 faculdades isoladas, centros universitários e universidades. É também sede de diocese. Na cidade existem 8 paróquias, com um total de 14.000 fiéis (menos de 2% da população!) Lá temos uma casa de formação que funciona como alternativa ao grande seminário que as duas províncias indonesianas mantém em Jogyakarta e acolhe estudantes de filosofia e teologia. A casa funciona há dois anos (o primeiro, hospedada no seminário dos Verbitas) e hoje abriga 4 professos temporários, todos pertencentes à Província de Kalimantan.
Dos 4 junioristas da casa, três vêm de Flores. Aliás, a “importação” de vocações de fora de Java e de Kalimantan é uma prática provincial muito evidente nos últimos anos e começa a levantar preocupação em alguns coirmãos. Como sabemos, em Kalimantan as vocações não são numerosas e em Java começam e diminuir notavelmente. Flores é uma ilha majoritariamente católica e com um número impressionante de vocações. Um seminário menor diocesano chega a abrigar 400 seminaristas e acolher mais de 150 cada ano! É claro que nisso se reflete também o alto índice de natalidade: a maioria dos junioristas atuais vem de famílias com mais de 6 filhos.
Pe. Santiago e os junioristas de Malang
Conheço coirmãos que defendem esta prática de importação ou pirataria vocacional. São muitos os que demonstram – nas entrelinhas ou explicitamente – a convicção de que devemos assumir trabalhos em regiões férteis em vocações para atraí-las ao nosso meio. E argumentam que o próprio Pe. Berthier propunha abrir escolas apostólicas nos países católicos onde as vocações eram abundantes... Mas não podemos esquecer que o Fundador, mesmo nos momentos em que as vocações eram poucas e depois de ter iniciado a Congregação, tinha a liberdade e a generosidade de enviar às diversas congregações os jovens nos quais percebia um chamado de acordo com seus carismas. É claro que devemos ocupar-nos das vocações, mas não unicamente das vocações à vida consagrada e ministerial, e nem apenas das vocações que necessitamos.
Os junioristas que compõem a comunidade de Malang são: Fr. Sonitus Garsa Bambang, 22 anos, de uma família de 8 filhos, de Flores; Fr. Yeremias Benedictus Sae Snae, 25 anos, 8 irmãos, de Timor; Fr. Tarcisius Asmat, 25 anos, de família de 7 filhos, de Flores; Fr. Daniel Rusen, 32 anos, 2 irmãos, de Sulawi. Todos cursam o segundo ano do curso de filosofia/teologia, com exceção do Fr. Daniel, que cursa especialização em teologia. O responsável pela caminhada de formação deste grupo é o coirmão Pe. Yohanes Maharsono, 39 anos, irmão do superior provincial, Pe. Stanislaus Kotska Maratmo (assim mesmo, com sobrenome diferente!).
Vista parcial do interior do aeroporto de Surabaya
Um detalhe que chama a atenção é que todos eles – assim como a quase totalidade dos coirmãos da Indonésia – lêem e se comunicam tranquilamente em inglês. Mesmo considerando que esta é a língua que livra os países asiáticos, Indonésia à frente, do isolamento do resto do mundo,s into-me quase envergonhado por não conseguir articular uma só frase e entender menos ainda nesta língua tão contestada quanto difundida. Amadureço a convicção de que as províncias da América Latina, começando pela nossa, devemos levar o estudo do inglês muito mais a sério.
O clima agradável e acolhida fraterna que recebemos me leva a dizer que o nome da cidade não é muito adequado. Aqui nossa breve visita não foi nem infortúnio, nem azar. Ao contrário, foi venturosa e agradável (talvez até porque o fim desta maratona estivesse bem próximo...).
Itacir Brassiani msf

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