quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Semana da Pátria (6)


Estamos celebrando a Semana da Pátria. Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam. Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo ainda é desprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda esperam pela justiça presente e pela paz futura. Ontem como hoje, muitos são os filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos recordar alguns/mas.

Josué de Castro

“A verdade é que os povos chamados subdesenvolvidos já se aperceberam da profunda contradição que existe entre os preceitos morais de igualdade, fraternidade e humanitarismo, pregados e defendidos pelos teorizantes da civilização ocidental e a crua e cínica disputa pelo lucro a que se entregam os grupos mercantilistas dominantes nos países bem desenvolvidos e industrializados do mundo. 
(Josué de Castro)

Josué Apolônio de Castro nasceu em 5 de setembro de 1908, em Recife. Estudou medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, começou a exercer a profissão em Recife, onde já observava desde pequeno as dificuldades sóciais que sentida na pele. Era inquieto e, através da medicina, queria encontrar soluções para o problema da fome no país.
Promoveu o primeiro inquérito sobre as condições de vida dos operários em Recife, estudo que serviu de base para outros Estados e que e contribuiu para a fixação de salário-mínimo e o reconhecimento dos trabalhadores nos anos 30. Em 1935, transferiu-se para o Rio de Janeiro, com o objetivo de transformar o ensino universitário.
Em 1938, estagiou no Instituto Bioquímico de Roma e ministrou cursos nas Universidade de Roma, Nápoles e Gênova. Retornou ao Brasil em 1939, e começou a lecionar na Faculdade de Filosofia, Ciências e letras da Universidade do Brasil, atual UFRJ.
Em 1942, foi eleito Presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição e criou o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS). Tornou-se mundialmente conhecido ao publicar os livros Geografia da Fome (1946) e Geopolítica da Fome (1951), obras traduzidas em 24 idiomas.
Foi eleito Presidente do Conselho da Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO). De 1955 a 1963, exerceu o mandato de Deputado Federal por Pernambuco, pelo Partido Trabalhista Brasileiro, mas renunciou para assumir o posto de embaixador brasileiro junto à ONU em Genebra. Demitiu-se durante o golpe militar de 31 de março de 1964, tendo seus direitos políticos cassados em 9 de abril de 1964. Lutou até a morte pela Associação Internacional de Luta contra a Fome. Faleceu em Paris, durante o exílio, em 1973, aos 65 anos de idade.

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