segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Horizontes missionários


O desafio de tornarmo-nos missionários


A Igreja tem uma missão ou somos uma Igreja missionária? Talvez só pareça um simples jogo de palavras, porém, se nos detivermos bem e aprofundarmos nesta questão nos encontraremos perante o desafio crucial nesta hora da evangelização: fazermos missão ou... sermos missionários. Mas, cuidado!
Esta não é mais uma disjuntiva que poderemos resolver fazendo um bom discernimento seguido de uma boa escolha.  Sabido é por todos nós que entre discipulado e missão existe uma íntima conexão, sem antes nem depois, como bem nos mostram os evangelhos e nos lembraram nossos pastores em Aparecida: “Missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã” (DA 144).
A missionariedade não é uma alternativa ao discipulado. A missionariedade é o rosto mais belo, poderíamos dizer do discipulado. O discípulo de Jesus Cristo é missionário ou não é discípulo, e todo missionário sempre é discípulo. Todo discípulo tornar-se-á missionário; e, vale a pena esclarecer que, tornar-se algo, não é apenas fazer o que se espera ou praticar determinadas ações.
O apóstolo Paulo disse que o Senhor Jesus estabeleceu alguns como profetas, outros como evangelistas e outros como pastores e mestres para que chegássemos “à medida da estatura completa de Cristo” (cf. Ef 4,13). Esse processo exige muito mais do que a aquisição de conhecimento. Não basta sequer que sejamos convencidos pelo evangelho. Precisamos agir e pensar de modo a sermos convertidos a Ele. Ao contrário das instituições do mundo, que nos ensinam a saber alguma coisa, a Boa Nova de Jesus desafia-nos a tornarmo-nos algo.
Não basta fazer tudo mecanicamente. Os ensinamentos do Evangelho não são uma lista de depósitos que precisamos fazer numa conta bancária “celestial”. O Evangelho de Jesus Cristo é um plano que nos mostra como podemos tornar-nos o que nosso Pai deseja que sejamos: “Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36).
Portanto, acredito que poderíamos dizer que o desafio de tornar-nos missionários se aplica precisa e perfeitamente a todo aquele que se reconhece como discípulo do Senhor. Obviamente o processo de tornar-se um missionário não exige hábitos, nem regras nem costumes, embora hoje certas tendências na Igreja dêem grande ênfase  a estas ideias. Cada um de nós pode desenvolver sua missionariedade começando a pensar missionariamente: sendo, orando, agindo e sentindo-se missionário. Um pouco aqui e um pouco lá, você pode se tornar gradativamente um missionário: aquele que você já é e aquele que o Senhor tanto deseja de você, de cada um de nós.
Ninguém de nós se torna missionário subitamente ou por ir em missão a determinado lugar ou a uma terra estrangeira, nem nos tornamos missionários por um passe de mágica. Não existem centros para o treinamento missionário. Para os discípulos de Jesus, o lugar e o tempo para tornar-se missionário é cada lugar, cada dia, cada mês, cada ano. É na vida, no dia-a-dia, que nos tornamos aquilo que somos. E, para sermos aquilo que já somos não precisamos fazer nada; não é fazendo missão que somos missionários. Missionariedade é um processo de vir a ser, de nos tornarmos, e faz parte integral do nosso discipulado.
Pe. Pablo Hernan Barreiro msf

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