segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Horizontes missionários




Tornamo-nos missionários aprendendo
do Missionário enviado do Pai


Se quisermos aprender profundamente a sermos missionários é necessário ver como Jesus viveu, agiu e ensinou missionariamente. A missão está no próprio coração de Deus, segundo nos ensina o Concílio Vaticano II quando no Decreto Ad Gentes diz: A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na «missão» do Filho e do Espírito Santo (AG 2).  A missão tem sua origem em Deus e dá sentido ao ser da Igreja. Sendo o coração de Deus, a missão é o coração da mesma Igreja. Se quisermos tornamo-nos missionários, portanto, precisamos aprender de Jesus e com Jesus, o Missionário enviado de junto do Pai.
Voltemos o nosso olhar para o jeito apostólico de ser e de fazer missão de Jesus e guiado pelo evangelista Mateus aprendamos a ter um novo olhar missionário na nossa vida discipular e eclesial. Diz Mateus: Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então Jesus disse a seus discípulos: «A colheita é grande, mas o trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.» (Mt 9,35-38).
Jesus tinha um alvo bem preciso: alcançar todas as cidades e povoados (cf. v. 35). Como discípulos de Jesus, precisamos ter uma visão realista da missão, uma visão que ultrapasse as fronteiras das quatro paredes do templo e alcance as cidades e povoados do estado, do país e do mundo com o anuncio da Boa Nova de Jesus Cristo. E claro, a pergunta nos parece quase óbvia: como? Como alcançar a todos com esta Boa Notícia? Resposta: como o fazia Jesus, com seu método, com seu jeito missionário, apresentado por Mateus em três ações básicas: ensinar; pregar e curar. Ensino: ensinando nas sinagogas (cf. v. 35 b); pregação: pregando o Evangelho do Reino (cf. v. 35 c) e; curando: curando todo tipo de doença e enfermidade (cf. v. 35 d). Assim Mateus nos apresenta o agir missionário de Jesus. Este era seu método apostólico, o qual merece nossa atenção e reflexão.
Agora, seguindo a leitura atenta desse trecho do evangelho de Mateus, poderíamos nos perguntar: para onde ir, em que direção partir? Acredito que pergunta pelo alvo da missão encontra resposta na compaixão que Jesus desenvolvia pelas multidões (cf. v. 36: Vendo as multidões, Jesus teve compaixão...). A compaixão! Um coração cheio de compaixão, como o de Jesus, é o que impulsiona a Igreja à missão. A compaixão, isto é, o amor de afeição e misericórdia. Compadecer-se é deixar o egoísmo de lado, é pensar e preocupar-se com o bem dos outros, é querer que os outros tenham o mesmo que eu tenho.
A compaixão desenvolvida na missão nasce do olhar sobre a mesma realidade, de olhar para aqueles que estão cansados e abatidos (cf. v. 36), do olhar para aqueles que estão aflitos, isto é, os abatidos, prostrados, com a vida em risco, com ferimento mortal (cf. Prov 24,11-12).
Jesus dirigiu principal e prioritariamente sua missão àqueles que, no contexto judaico da sua época, estavam famintos e desanimados como ovelhas que não têm pastor (cf. v. 36). Naquela época, sobravam igrejas/sinagogas. Só em Jerusalém havia mais de 400 sinagogas! Porém, essas pessoas estavam como ovelhas sem pastor, uma vez que a religião tinha se tranformado numa pesada carga, no cumprimento de normas e prescripções que matavam a vida. Havia templos, mas não se podia encontrar a Palavra de Deus, a salvação que Ele oferece.
Logo enseguida, na realidade deste contexto, Jesus se dirige a seus discípulos. É necessário tomarmos consciência de que só a Igreja pode fazer acontecer o mandato missionário de Cristo. E então se dirigiu aos seus discípulos (cf. v. 37 a). Não se dirigiu aos religiosos de sua época (escribas ou fariseus) ou a qualquer outro tipo de pessoas. Dirigiu-se aos seus discípulos. E falando a eles, Jesus quer nos conscientizar sobre três aspectos da missão que podemos aprofundar a partir do v. 37: o uso da palavra seara, uma vez que seara/colheita faz referência à ação humana e divina (cf. 1 Cor 3,6-9): o missionário não é alguém que trabalha para Deus mas alguém que trabalha com Deus; a necessidade de trabalhar, uma vez que a compaixão de Jesus exige ceifar/levantar a colheita, e não fazê-lo nos faz desobedientes ao mestre, egoístas, sem amor; o tamanho da seara, que tem o tamanho do mundo inteiro (cf Mt 28,19-20).
Depois de termos refletido, pelas mãos de Mateus,  sobre o jeito missionário de Jesus, aprendamos Dele a olhar para o vasto horizonte da missão focando nosso olhar nos abatidos e aflitos, destinátarios primeiros da Boa Notícia do Reino. E, com Jesus, acordemos nossa vida e nossa Igreja para a missão. A missão é agora, é tempo de colheita, é tempo de compaixão, é tempo de amor que se faz vida e anúncio da Boa Notícia do Reino!
Pe. Pablo Hernan Barreiro msf

Nenhum comentário: