Tornamo-nos missionários
aprendendo
do Missionário enviado do Pai
Se
quisermos aprender profundamente a sermos missionários é necessário ver como
Jesus viveu, agiu e ensinou missionariamente. A missão está no próprio coração
de Deus, segundo nos ensina o Concílio Vaticano II quando no Decreto Ad Gentes diz: A Igreja
peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo
o desígnio de Deus Pai, na «missão» do Filho e do Espírito Santo (AG 2). A missão tem sua
origem em Deus e dá sentido ao ser da Igreja. Sendo o coração de Deus, a missão
é o coração da mesma Igreja. Se quisermos tornamo-nos missionários, portanto,
precisamos aprender de Jesus e com Jesus, o Missionário enviado de junto do
Pai.
Voltemos
o nosso olhar para o jeito apostólico
de ser e de fazer missão de Jesus e guiado pelo evangelista Mateus aprendamos a
ter um novo olhar missionário na
nossa vida discipular e eclesial. Diz Mateus: Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas
sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e
enfermidade. Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas
e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então Jesus disse a seus
discípulos: «A colheita é grande, mas o trabalhadores são poucos! Por isso,
peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.» (Mt
9,35-38).
Jesus
tinha um alvo bem preciso: alcançar
todas as cidades e povoados (cf. v. 35). Como discípulos de Jesus,
precisamos ter uma visão realista da missão, uma visão que ultrapasse as
fronteiras das quatro paredes do templo e alcance as cidades e povoados do
estado, do país e do mundo com o anuncio da Boa Nova de Jesus Cristo. E claro,
a pergunta nos parece quase óbvia: como? Como alcançar a todos com esta Boa
Notícia? Resposta: como o fazia Jesus, com seu método, com seu jeito
missionário, apresentado por Mateus em três ações básicas: ensinar; pregar e
curar. Ensino: ensinando nas sinagogas
(cf. v. 35 b); pregação: pregando o
Evangelho do Reino (cf. v. 35 c) e; curando: curando todo tipo de doença e enfermidade (cf. v. 35 d). Assim Mateus
nos apresenta o agir missionário de Jesus. Este era seu método apostólico, o
qual merece nossa atenção e reflexão.
Agora,
seguindo a leitura atenta desse trecho do evangelho de Mateus, poderíamos nos
perguntar: para onde ir, em que direção partir? Acredito que pergunta pelo alvo
da missão encontra resposta na compaixão que Jesus desenvolvia pelas
multidões (cf. v. 36: Vendo as multidões,
Jesus teve compaixão...). A compaixão! Um coração cheio de compaixão, como
o de Jesus, é o que impulsiona a Igreja à missão. A compaixão, isto é, o amor
de afeição e misericórdia. Compadecer-se é deixar o egoísmo de lado, é pensar e
preocupar-se com o bem dos outros, é querer que os outros tenham o mesmo que eu
tenho.
A
compaixão desenvolvida na missão nasce do olhar sobre a mesma realidade, de
olhar para aqueles que estão cansados e abatidos (cf. v. 36), do olhar para
aqueles que estão aflitos, isto é, os abatidos, prostrados, com a vida em risco,
com ferimento mortal (cf. Prov 24,11-12).
Jesus
dirigiu principal e prioritariamente sua missão àqueles que, no contexto judaico
da sua época, estavam famintos e desanimados como ovelhas que não têm pastor (cf. v. 36). Naquela época,
sobravam igrejas/sinagogas. Só em Jerusalém havia mais de 400 sinagogas! Porém,
essas pessoas estavam como ovelhas sem
pastor, uma vez que a religião tinha se tranformado numa pesada carga, no cumprimento
de normas e prescripções que matavam a vida. Havia templos, mas não se podia
encontrar a Palavra de Deus, a salvação que Ele oferece.
Logo
enseguida, na realidade deste contexto, Jesus se dirige a seus discípulos. É
necessário tomarmos consciência de que só a Igreja pode fazer acontecer o
mandato missionário de Cristo. E então se
dirigiu aos seus discípulos (cf. v. 37 a). Não se dirigiu aos religiosos de
sua época (escribas ou fariseus) ou a qualquer outro tipo de pessoas. Dirigiu-se
aos seus discípulos. E falando a eles,
Jesus quer nos conscientizar sobre três aspectos da missão que podemos
aprofundar a partir do v. 37: o uso da
palavra seara, uma vez que seara/colheita faz referência à ação humana e
divina (cf. 1 Cor 3,6-9): o missionário não é alguém que trabalha para Deus mas alguém que trabalha com Deus; a necessidade de trabalhar, uma vez que a compaixão de Jesus exige
ceifar/levantar a colheita, e não fazê-lo nos faz desobedientes ao mestre,
egoístas, sem amor; o tamanho da seara,
que tem o tamanho do mundo inteiro (cf Mt 28,19-20).
Depois
de termos refletido, pelas mãos de Mateus,
sobre o jeito missionário de
Jesus, aprendamos Dele a olhar para o vasto horizonte da missão focando nosso
olhar nos abatidos e aflitos, destinátarios primeiros da Boa Notícia do Reino. E,
com Jesus, acordemos nossa vida e nossa Igreja para a missão. A missão é agora,
é tempo de colheita, é tempo de compaixão, é tempo de amor que se faz vida e anúncio
da Boa Notícia do Reino!
Pe. Pablo Hernan Barreiro msf
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