domingo, 9 de dezembro de 2012

A Igreja latinoamericana sumiu?


Congresso Internacional sobre a Igreja nas Américas

A abertura do Congresso na Capela do Espirito Santo
Hoje, 9 de dezembro, dia em que a Igreja celebra a memória de São Juan Diego Cuauhtlatoatzin, o índio a quem Nossa Senhora de Guadalupe se manifestou em Tapeyac, no México, iniciou-se em Roma o Congresso Internacional Ecclesia in America, promovido pela Pontifícia Comissão para a América Latina. O evento que vai até dia 12, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, se propõe a retomar alguns temas do Sínodo sobre a Igreja nas Américas, realizado há 15 anos (16 de novembro a 12 de dezembro de 1997), à luz do evento e da mensagem de Nossa Senhora de Guadalupe.

O Congresso foi aberto solenemente com uma celebração eucarística na Basílica de São Pedro às 18 horas, sob a presidência do Cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. No final da celebração, Bento XVI se fez presente para uma saudação aos 250 participantes, entre cardeais, bispos, padres, religiosos, embaixadores e leigos/as. Em seguida, todos foram recepcionados num conquetel servido na Hall da Aula Paulo VI.

Alguns detalhes da celebração me chamaram a atenção. Em primeiro lugar, a questão da língua. Embora mais de 80% dos presentes se comunicasse em espanhol e português, Dom Marc presidiu a missa e fez a homilia em inglês. Assim, a participação da assembléia foi mínima. Se ao menos fosse em italiano, a maioria poderia participar. Um segundo aspecto complicado se refere aos cânticos da celebração: três em inglês, dois em latim e um em espanhol. Nada em português. O mesmo deverá acontecer nas conferências previstas. A América Latina vai virando América do Norte...

Bento XVI presente na abertura do Congresso
A solenidade majestática, a falta de animação ou de um guia para ligar as partes da celebração, assim como a distância do presidente em relação à assembléia e a homilia lida sentado, tiraram da celebração todo e qualquer sabor ou dinamismo latinoamericano. No máximo, foi uma celebração romana para a América Latina. Chega a ser irônico: Nossa Senhora de Guadalupe se manifesta aos 9 de Dezembro de 1531 falando a língua dos indígenas e pede que eles comuniquem ao bispo sua vontade. Aqui se exige que os latino-americanos esqueçam sua língua e é o Papa e os Bispos que dizem o que o povo deve crer, fazer e obedecer.

Do Brasil vieram três bispos, entre eles Dom Dadeus (de Porto Alegre) e Dom Leonardo (secretário da CNBB). Estou curioso para ver por quais caminhos e em que direção seguiremos nos próximos dias. Farei o possível para informar diariamente, neste espaço, o que acontece.

Itacir Brassiani msf

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