Indonésia: a
primeira missão ad gentes dos MSF (1)
No dia 1° de janeiro de 1968 foi
criada oficialmente a Província de Java dos Missionários da Sagrada Família.
Mas a presença na Indonésia – primeiro em Kalimantan e mais tarde em Java – já
tinha uma longa história. Para marcar o aniversário desta Província viva e
dinâmica, publico algumas notas escritas pelo Pe. Wim van der Weiden, MSF de
origem holandesa, há mais de 40 anos em Java e nacionalizado indonesiano. O
texto completo está publicado no livro Um tesouro escondido (Editora IFIBE, 2009, p. 127-154).
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| Atual sede da Provincia de Kalimantan, em Banjarbaru |
Quando, em 1912, o jornal da cidade de
Kaatsheuvel (Holanda) anunciou a vinda dos padres
franceses de Grave, escreveu expressamente que a escola apostólica que eles
iam atender tinha por finalidade formar missionários para a Indonésia, colônia
holandesa.
O Pe. Trampe tentou sem êxito mandar os
holandeses para os Estados Unidos e Uruguai. Em agosto de 1924, entrou em
contacto com os padres capuchinhos que procuravam uma Congregação para
ajudá-los na Indonésia, no leste da grande ilha de Bornéo (hoje Kalimantan,
dezesseis vezes maior do que a Holanda!). As tratativas e a preparação duraram
um ano e meio. Em janeiro de 1926 os três primeiros missionários partiram para
lá.
A Indonésia foi a primeira missão ad gentes da nossa Congregação.
Foi muito bem preparada pelo procurador missionário, Pe. Kouwenhoven,
conhecedor do assunto e enérgico, que já tinha fundado uma associação de leigos
interessados em ajudar espiritual e socialmente uma missão.
O pedido apresentado pelos capuchinhos em
1924 para que os Missionários da Sagrada Família assumissem uma parte
territorial na ilha de Borneo/Kalimantan foi acolhido com alegria pelo Pe.
Trampe. Sem considerar a fundo as dificuldades duma missão tão exigente, o
Superior Geral não aceitou apenas os 200.000 km² que lhe foram oferecidos, mas
achou melhor aceitar logo uma extensão territorial de 400.000 km²! E confiou
essa tarefa missionária aos nossos confrades holandeses.
Em janeiro de 1926 os primeiros missionários
partiram para lá. Um bom contrapeso à falta de planejamento do governo geral
foi o padre holandês Kouwenhouven. Desde as primeiras discussões a respeito de
aceitar a missão na indonésia, ele foi nomeado Procurador da missão, o que se
constituiu numa bênção para a missão na Indonésia, durante cerca de vinte anos.
Logo criou uma associação de benfeitores, fundou a procuradoria missionária e assumiu
o atendimento dos missionários, até 1936 como Procurador, e depois até à morte,
em 1944, como Superior Provincial.
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| Dom Demarteau, bispo emérito de Banjarmasin (Kalimantan), falecido no dia 5 de dezembro de 2012 |
O trabalho missionário foi difícil naquele
vasto território, pouco habitado. Embora dezenove padres, catorze Irmãos e nove
Irmãs lá estivessem trabalhando nos primeiros tempos, o resultado era mínimo.
Significativa para o futuro da missão foi a visita canônica feita pelo Pe.
Kouwenhouven, como representante do Superior Geral, em 1929. Pareceu que se
deveria assumir um posto missionário também em Java.
Na troca de idéias com o Vigário Apostólico
de Jakarta, o Visitador chegou à conclusão que, para uma missão ser bem
sucedida em Borneo, precisava dum ponto de apoio em Java a fim de conseguir o
sustento material. Por isso, em 1932 os três primeiros missionários aportaram
em Java, na cidade de Semarang, importante porto, destinada a sediar o ponto de
apoio material e comercial à missão de Borneo. A história, porém, tomou outro
rumo, pois a primeira paróquia de Semarang veio a ser o ponto de partida dum
crescimento tão rápido que a Província de Java se tornou maior e mais
importante do que a Província de Kalimantan.
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