Mensageiro da Sagrada Familia

Caminhos e iniciativas de animação missionária

Fac-simile do primeiro numero da revista

No dia 2 de janeiro de 1904 aparecia a primeira edição da revista Le Messager de la Sainte Famille, idealizada pelo Pe. Berthier e editada em Grave (Holanda) pelos Missionários da Sagrada Família. Nos anos seguintes, começaram a ser publicadas edições também em alemão, polonês, português, espanhol e, em tempos mais recentes, em inglês. Atualmente, sobreviem as edições em francês (3000 exemplares), polonês (21000 exemplares) e inglês.

Na primeira edição francesa, aparecia claramente sua finalidade: contribuir na formação cristã das famílias inscritas na Associação Universal das Famílias Cristãs (fundada pelo Papa Leão XIII); avivar a devoção e a imitação da Sagrada Família; manter a comunicação com as famílias, paróquias e dioceses onde o Pe. Berthier havia pregado missões e retiros; ser um moderno instrumento capaz de ampliar sua própria pregação missionária. A propósito, leiamos as palavras do próprio idealizador do Mensageiro.

Tem razão de ser uma revista que pretenda estimular o fervor das associações de fiéis e persuadir os pais que ainda não se reuniram sob o estandarte da Sagrada Família a fazê-lo, com seus filhos, a fim de atrair sobre eles a bênção de Jesus, Maria e José. Comunicando aquilo que se faz pelo mundo a fora em honra à Sagrada Família e as graças particulares obtidas mediante sua invocação, apresentando a todos os exemplos da vida em Nazaré, oferecendo santos ensinamentos e comunican do acontecimentos interessantes e instrutivos, esta revista poderá ser um laço de união entre as famílias associadas, ajudar a aprofundar sua fé, estimular seu fervor, inspirar as demais famílias a se consagrarem a Jesus, Maria e José e espalhar por todo o mundo o bom perfume de Jesus Cristo.

Vai, meu mensageiro, mais ágil que o velho missionário que te envia! Vai por toda esta França onde ele pregou missões e retiros durante 33 anos, em 16 diferentes dioceses. Vai restabelecer o espírito de família que tende a desaparecer. Vai às vilas, onde os trabalhadores são muitos, e desperta neles o amor pela vida laboriosa e pobre que Jesus, Maria e José consagraram. Vai aos campos e aos pontos mais altos e habitados das montanhas para levar ao povo o amor à vida retirada de Nazaré, o espírito de oração e de união de corações. Vai aos castelos dos príncipes e senhores, pois Jesus, Maria e José são de estirpe real, e a verdadeira nobreza é se assemelhar a eles. Vai aos pequenos e pobres para oferecer a eles a consolação daquele que disse “eu sou pobre, e trabalho desde a infância”.

Aspecto atual da Casa-Mãe, de onde partia
O Mensageiro

Vai aos pecadores, e oferece a eles a escada que leva ao paraíso, pois, como diz São Leonardo de Porto Maurício, só existem três degraus: Jesus, Maria e José. Vai aos justos, e apresenta a eles estes três personagens, que são o ideal de toda santidade. Vai a todos os recantos, mas, sobretudo, às paróquias nas quais já pregamos o Evangelho. Em todas elas vivem pessoas que amamos muito e às quais queremos ainda fazer o bem, mesmo estando geograficamente distantes. Certamente lá algumas pessoas ainda se lembram de nós. Tu as farás recordar os dias felizes das missões que nós pregamos e lhes apresentará de novo os ensinamentos e conselhos que, se lhe forem fiéis, assegurarão a salvação.

Que Jesus, Maria e José, cuja imagem é tua única ilustração, te acompanhem nesta caminhada. Que eles ebençoem e protejam aqueles que te receberão, aqueles que te lerão e mesmo aqueles que te recusarão, pois nada pode impedir aquele que te envia de amá-los. Leve a todos os votos de um ano santo e feliz. Se tu conseguir fazer com que a Sagrada Família seja honrada, amada e imitada, eu não me arrependerei de ter te lançado no espaço. Portanto, boa viagem, meu pequeno Mensageiro.

Mudaram os tempos e os meios, mas a necessidade de oferecer formação cristã e alimentar a fé das famílias continua, e talvez seja ainda maior que no tempo do Pe. Berthier. A mesma coisa pode-se dizer da animação missionária. Mais do que recordar uma iniciativa exitosa do passado ou lamentar o seu desaparecimento em muitos lugares, o que importa é encontrar os meios mais adquados de testemunhar e aunciar o Evangelho, estabelecendo um diálgo respeitoso e acompanhando as pessoas que hoje ousam crer.

Itacir Brassiani msf