domingo, 24 de fevereiro de 2013

A chegada dos MSF ao Sul do Brasil


90 anos da chegada dos Missionários da Sagrada Família em Rolante

Rolante hoje
Na Holanda, o Pe. Trampe (Superior Geral dos Missionários da Sagrada Família) estava informado sobre o intenso movimento migratório de alemães, italianos e poloneses para o Sul do Brasil. Fazia parte da estratégia do Estado brasileiro para povoar a região Sul, promover uma agricultura forte e moderna, criar uma nova classe média, desenvolver uma ideologia do trabalho e europeizar a população. O olhar e o pensamento do Pe. Trampe se voltaram para o Sul quando se tratou de projetar a fundação de uma escola apostólica.
O Superior Geral ‘estava de olho’ na região missioneira, mais propriamente, na nova e prospera colônia alemã Serro Azul, atual Cerro Largo. E não mediu esforços para chegar a essa região durante sua primeira visita canônica, em 1922. No dia 09.11.1922 o Pe. Trampe e Dom Hermeto (Bispo de Uruguaiana) assinaram o convênio que confiava as paróquias de Santo Ângelo e de São Miguel aos cuidados dos Missionários da Sagrada Família, com autorização para erigir casa canônica e construir uma escola apostólica e a promessa de enviar os missionários imediatamente.
Rolante no mata do RS
Depois de se encontrar com o Arcebispo de Porto Alegre, o Pe. Trampe acabou visitando e aceitando a paróquia de Rolante, cujo contrato foi assinado no dia 20.11.1922.  Assim que voltou a Grave, o Governo Geral da Congregação ratificou os compromissos assumidos e enviou ao Sul do Brasil três missionários que estavam no Nordeste: Pe. Jorge Anneken, Pe. Carlos Lange e Pe. José Linden. Rolante é o berço da Província Brasil Meridional dos Missionários da Sagrada Família!
Estes primeiros MSF que pisaram o cho do Sul do Brasil chegaram a Rolante no dia 24.02.1923.  Iniciava-se assim missão dos MSF no Sul do Brasil.  O objetivo primeiro era fundar uma escola apostólica para a formação dos missionários. Esta finalidade era diferente daquela que nos levara ao Norte e o Nordeste. Impressionado com os frutos abundantes dos primeiros trabalhos, o Pe. Anneken escrevia: "Parece que aqui irá melhor do que eu pensava. Com a missão a paróquia tomou outro aspecto. Iremos trabalhar para despertar e acolher vocacionados. Mas para isso precisamos aceitar mais paróquias."
Os jovens e ardorosos missionários não escolhiam trabalho. Eles mesmos pintaram a igreja por dentro e por fora. Já em 1923 celebraram 614 batizados e 58 casamentos. Com os reforços humanos que chegaram em 1924, assumiram a direção da escola paroquial e a animação da vizinha paróquia de Barra do Ouro, inclusive com o objetivo de aprender melhor a língua portuguesa (já que em Rolante se falava alemão!).
Panoramica aérea de Rolante
Mas se a decisão de fundar um seminário já estava tomada, a questão da localização ainda não era consenso. Mesmo tendo vindo ao Sul com o claro objetivo de fundar uma escola apostólica e acolher as vocações dos descendentes de imigrantes, os primeiros MSF se viram um tanto perdidos: eram dependentes de Grave e tinham dificuldades de comunicação com o Governo Geral; com opiniões e posições divergentes sobre o melhor lugar; divergências de opinião também com o Governo Geral; alguns queriam construir a escola apostólica na região de Rolante, enquanto outros preferiam Santo Ângelo.
Em Rolante o Pe. Scholl já havia comprado uma área de terra, iniciado uma escola e acolhido alguns seminaristas. Somente em 1931, com a nomeação dos Pró­-Provinciais do Norte e do Sul, os membros da região Sul conseguiram tomar uma decisão que agradava à maioria: a aquisição de uma área de 21 hectares de terra em Santo Ângelo, em vista da construção do seminário. Não obstante estas lutas intestinas, de Rolante nos vieram muitas vocações, e nossa presença naquela região se prolongou até a década de 1980.
Itacir Brassiani msf

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