sábado, 2 de fevereiro de 2013

Jornada da Vida Consagrada


O belo desafio de seguir Jesus Cristo e imitar seu estilo de vida
(http://jovemtrindade.blogspot.it/2012/02/profissao-temporaria.html)
Em 1879, no dia 2 de fevereiro, o Pe. João Berthier, fundador dos Missionários da Sagrada Família, celebrava sua consagração perpétua a Deus como Missionário Salettino. Ele havia feito os votos temporários na festa da natividade de Nossa Senhora (8 de setembro), em 1862, apenas alguns dias antes da sua ordenação presbiteral (20.09.1862). A data é significativa pois, no dia 2 de fevereiro, 40 dias depois do nascimento de Jesus, a Igreja celebra a Apresentação de Jesus no Templo, festa conhecida como Nossa Senhora da Luz, ou Candelária. Uma antiga tradição, que perdura ainda hoje, propõe a Apresentação de Jesus como inspiração e paradigma para a consagração dos religiosos e religiosas, razão pela qual, em muitos países, a data de hoje é dedicada à vida consagrada.

Sem conseguir ir além do horizonte teológico e da linguagem do seu tempo, Berthier escreveu, sobre a experiência (pessoal?) da consagração: “Que lindo dia para a pessoa que foi admitida à profissão é aquele no qual pronuncia o voto de praticar os conselhos do Evangelho e por eles se ligar a Nosso Senhor através de uma bela e gloriosa cadeia! Sim, gloriosas correntes, pois não são correntes de escravidão, mas cadeias que unem a esposa ao esposo escolhido; correntes que ela não romperá por nada no mundo e que, longe de serem pesadas ao seu coração, são sua maior consolação. Depois de esperar longamente e preparar-se acuradamente para consagrar-se plenamente a Jesus, seu desejo se cumpre e ela diz adeus a tudo para seguir Aquele que escolheu entre milhares de outros” (L’Etat religieux, p. 143-144).
Se consideramos, como sublinha hoje a teologia e a espiritualidade da vida consagrada, que as pessoas que se consagram a Deus prometem publicamente seguir e imitar Jesus Cristo na sua forma de vida, a passagem do Evangelho proposta para esta festa (Lc 2,21-40) é muito sugestiva. Como testemunho escrito após a vida, morte e ressurreição de Jesus, é claro que, ao falar de Jesus, o texto pressupõe seus ensinamento e práticas, que todos/as conhecemos mais ou menos em detalhes. Não se trata de uma adivinhação, mas de uma memória agradecida, empenhativa e subversiva.

Aqui Jesus nos é apresentado como membro de uma família hebréia pobre, ordinária e autêntica, que segue os costumes e leis religiosas do judaísmo. Mas vale a pena prestar atenção àquilo que o velho Simeão, homem que se deixava mover e guiar pelo Espirito, diz sobre o Menino Jesus, quando o acolhe nos próprios braços: Jesus é salvação que beneficia todos os povos, luz que ilumina todas as nações e religiões, glória povo de Israel, motivo de queda e edificação para muitos israelitas, e sinal de contradição. O texto em questão termina dizendo que, depois deste flash de reconhecimento honroso no próprio centro do judaísmo por parte dos profetas Simeão e Ana, Jesus volta com seus pais à desprezada e periférica Galiléia. E é exatamente lá que ele cresce e adquire força e sabedoria.

O que isso significa para os homenes e mulheres que hoje se consagram publicamente a Deus e desejam imitar o modo de vida de Jesus? Ouso responder de modo breve, sem pretensão de ser exaustivo: a) a consagração a Deus não nos transforma em ‘pessoas do templo’ e do sagrado, mas nos insere na vida concreta dos irmãos e irmãs; b) o verdadeiro processo de formação humana e espiritual se dá na periferia, no deserto e na fronteira; c) o seguimento de Jesus pede que sejamos pessoas dispostas e capazes de dialogar e colaborar com outras religiões, evitando toda forma de fundamentalismo; d) faz parte da nossa missão fomentar alianças entre povos e religiões; e) como vida religiosa, não podemos cair na ilusão de ser unanimidade, pois somos chamados/as a ser sinal de contradição, voz profética que desinstala e propõe mudanças.

Itacir Brassiani msf

Nenhum comentário: