sábado, 16 de fevereiro de 2013


“Tu me alegras, senhor, com as tuas maravilhas!”

(http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=61072)
Gosto muito do Salmo 92/91. Leio-o frequentemente e com prazer. Ele me alimenta. E me dá asas. Tanto para os hebreus como para os cristãos, é um cântico recomendado para a oração do sábado. “É belo louvar o Senhor e cantar a teu nome, anunciar de manhã o teu amor, e a tua fidelidade durante a noite... Porque me alegras, Senhor, com tuas maravilhas, exulto com as obras de tuas mãos!
O que me surpreende e anima é a descrição das maravilhas (literalmente, ‘milagres’) que motivam o louvor.  “Se os pecadores brotam como erva e florescem todos os malfeitores, aguarda-os uma ruína eterna... Porque teus inimigos, Senhor, teus inimigos perecerão, serão dispersos todos os malfeitores...” Só as pessoas insensatas não compreendem profundidade do pensamento de Deus e a beleza e inteligência da sua ação.

Pois é! O milagre contínuo que Deus está operando não tem nada a ver com dar prosperidade aos ambiciosos, curar de uma doença ruim, acabar com a seca, mudar o efeito-estufa, derrubar o presidente do Congresso: ele abrevia o sucesso dos safados e opressores, mas o faz pelas mãos dos seus mediadores, ou seja, usando a inteligência e a organização de quem acredita nele. Deus não gosta de prescindir de nós!

Ao mesmo tempo, o salmista não cansa de celebrar a longevidade dos justos, o vigor dos pequenos, a fecundidade dos inconformados: “Tu me dás a força de um búfalo, me unges com óleo fresco... O justo crescerá como a palmeira, como o cedro do Líbano se elevará... Mesmo na velhice darão frutos, serão cheios de seiva e verdejantes, para anunciar quão reto é o Senhor: meu rochedo, nele não há injustiça...”

Jesus segue a mesma linha. Ele fala da incomparável força da semente de mostarda, que esconde dentro de si o vigor de uma grande árvore. Fala também do dinamismo do fermento, que faz crescer a massa. E da felicidade de que temn espírito de pobre e de quem chora, de quem luta com mansidão e sem cansaço, de quem tem fome e sede de justiça, de quem exercita a misericórdia e promove a paz, de quem não usa palavras duplas e enfrenta perseguições... Estes possuirão a terra, serão saciados, herdarão o Reino de Deus, serão preciosos testemunhos do valor da vida.

Não quero tirar os pés do chão nem resvalar para uma esperança ilusória. Mas para caminhar não posso manter os dois pés no chão! Que me desculpem os realistas: ser razoável é desejar o impossível e lutar por ele! A esperança nos revela o que ainda não é, a fé nos dá asas para voar na sua direção e a solidariedade nos congrega à caravana dos homens e mulheres de boa vontade.

O problema não está em sonhar e delirar, mas na qualidade e no conteúdo do nosso sonho. A questão não está na confianòa em Deus, mas no que esperamos dele. Seus milagres não costumam dispensar nossa inteligência e operatividade. Suas maravilhas não são necessariamente coisas fabulosas. Deus é justo, não louco ou irresponsável! Sua obra mais duradoura e promissora é manter o vigor dos sonhadores, por mais utópicos que sejam.

Itacir Brassiani msf

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