terça-feira, 26 de março de 2013

A mensagem da Semana-Santa


Como todos sabemos, a liturgia da Semana-Santa é riquíssima e muito inspiradora. Estes dias valem por um retiro. A liturgia escancara diante dos nossos olhos até onde pode chegar o amor apaixonado e a incansável fidelidade de um Deus humanizado ao povo que ele ama, e, ao mesmo tempo, a força das resistências, incompreensões tramas, e traições que se insinuam em nossos belos projetos e generosas promessas e acampam em meio às tendas que a nossa fé vai erguendo.

O Salmo 65/64, lido em uma perspectiva cristã, nos convida a ver aquilo que Deus está fazendo no meio de nós: “As nossas culpas pesam sobre nós, mas tu as perdoas... Com o prodígio da tua justiça, tu nos respondes, o Deus, nossa salvação, esperança dos confins da terra e dos mares distantes... Os habitantes dos extremos confins tremem diante dos teus prodígios; fazes gritar de alegria as portas do oriente e do ocidente. Visitas a terra e a regas, enchendo-as com tuas riquezas... Coroas o ano com  teus benefícios, à tua passagem goteja a fartura. Gotejam os pastos do deserto e as colinas se cingem de júbilo. Os prados se cobrem de rebanhos, com o trigo se douram os vales, tudo canta e grita de alegria.”

Em Jesus Cristo brilha e vige o perdão incondicional de Deus, a esperança dá colorido até aos lugares mais recônditos e distantes. Nele, todos os povos, a começar dos mais pobres e humilhados, têm direito e motivo para gritar de alegria. No mistério do seu amor crucificado, todas as humanas terras, por mais ressequidas que estejam, são abundantemente regadas e mostram uma preciosidade impagável; os desertos viram pastagens e as colinas escarpadas irrompem em harmoniosa sinfonia.

Tudo, sem nenhuma exceção, canta e grita de alegria, porque nada mais terá força que nos possa separar do amor gracioso de Deus. Na mesa da ceia pascal, Deus se inclina e, ajoelhado diante das suas criaturas, lava-lhes os pés. Do alto da cruz, que é também a mais clara expressão da humilhação humana solidariamente compartilhada, Deus pronuncia seu ‘sim’ incondicional e definitivo à humanidade, recapitulando todos os seus anseios e clamores. No silêncio pungente da vigília que se prolonga na história, Deus suscita milhares de pequenos e grandes gestos de ousada ternura e, assim, ressuscita num mundo que, inesperadamente e inexplicavelmente, vai se fazendo novo. O que era visto como pobre, torna-se precioso, o que era feio faz-se gracioso, o que era tratado como último torna-se príncipe, a pedra descartada sustenta todo o edifício...

Então, amigos e amigas de perto e de longe, leittores e leitoras conhecidos/as ou anônimos, vivamos uma boa e santa semana! E uma feliz e promissora páscoa!

Itacir Brassiani msf

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