quarta-feira, 6 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher: Mônica Baltodano


Quero celebrar o Dia Internacional da Mulher e homenagear esta graciosa metade da humanidade com uma espécie de panteão no qual recordo, dia após dia, o nome, a história e a grandeza humana de algumas mulheres pouco reconhecidas pela história e pelas colunas sociais. São simples e breves flashes de vidas muito mais belas e complexas, uma espécie de retalhos da vida, tomados emprestados da inspirada pena do escritor uruguaio Eduardo Galeano. E começo pedindo emprestado os versos de Ivone Boechat:
“Um aroma suave / exalou das mãos do Criador, / quando seus olhos / contemplaram / a solidão do homem no Jardim! / Foi assim: / o Senhor desenhou / o ser gracioso, meigo e forte, / que Sua imaginação perfeita produziu. / Um novo milagre: / fez-se carne, / fez-se bela, / fez-se amor, / fez-se na verdade como Ele quer! / O homem colheu a flor, / beijou-a, com ternura, / chamando-a, simplesmente, / Mulher!”

Mônica Baltodano

Às suas costas, um abismo. À sua frente e aos lados, o povo armado acossando. Em 1979, o quartel A pólvora, na cidade de Granada, último reduto da ditadura de Somoza, está a ponto de cair.
Quando o coronel fica sabendo da fuga de Somoza, manda calar as metralhadoras. Os sandinistas também deixam de disparar. Pouco depois abre-se o portão de ferro do quartel e aparece o coronel agitando um trapo branco. “Não disparem”, gritava ele. O coronel atravessa a rua. “Quero falar com o comandante!”
Cai o lenço que lhe cobre a cara: “A comandante sou eu”, diz Mônica Baltodano, uma das mulheres sandinistas com comando de tropa. “O quê?!”
Pela boca do coronel, macho altivo, fala a instituição militar, vencida mas digna, hombridade de calças compridas, honra da farda.  “Eu não me rendo a uma mulher”, ruge o coronel. E se rende... (Eduardo Galeano, O século do vento. Memória do fogo, vol. 3, L&PM Pocket vol. 909, 2010, p. 336)

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