sexta-feira, 1 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher: Rigoberta Menchú


Quero celebrar o Dia Internacional da Mulher e homenagear esta graciosa metade da humanidade com uma espécie de panteão no qual recordo, dia após dia, o nome, a história e a grandeza humana de algumas mulheres pouco reconhecidas pela história e pelas colunas sociais. São simples e breves flashes de vidas muito mais belas e complexas, uma espécie de retalhos da vida, tomados emprestados da inspirada pena do escritor uruguaio Eduardo Galeano. E começo pedindo emprestado os versos de Ivone Boechat: “Um aroma suave / exalou das mãos do Criador, / quando seus olhos / contemplaram / a solidão do homem no Jardim! / Foi assim: / o Senhor desenhou / o ser gracioso, meigo e forte, / que Sua imaginação perfeita produziu. / Um novo milagre: / fez-se carne, / fez-se bela, / fez-se amor, / fez-se na verdade como Ele quer! / O homem colheu a flor, / beijou-a, com ternura, / chamando-a, simplesmente, / Mulher!”

Rigoberta Menchú

Ela é uma índia maia-quichê (nascida na aldeia de Chimel, Guatemala, aos 9 de janeiro de 1959) que colhe café e corta algodão nas plantações do litoral desde que aprendeu a caminhar. Nos algodoais viu cair seus dois irmãos, Nicolas e Felipe, os menorzinhos, e sua melhor amiga, ainda menina, todos sucessivamente fulminados pela fumigação de pesticidas.
No ano 1979, na aldeia de Chajui, Rigoberta Menchú viu como o exército queimava vivo seu irmão Patrocínio. Pouco depois, na embaixada da Espanha, também seu pai foi queimado vivo junto com outros representantes das comunidades indígenas. Em 1980, em Uspantán, os soldados liquidaram sua mãe aos poucos, cortando-a em pedacinhos, depois de tê-la vestido com roupas de guerrilheiro. Da comunidade de Chimel, onde Rigoberta nasceu, não sobrou ninguém vivo.
Rigoberta, que é cristã, aprendeu que o verdadeiro cristão perdoa seus perseguidores e reza pela alma de seus verdugos. Quando lhe golpeiam uma face, tinham-lhe ensinado, o verdadeiro cristão oferece a outra. “Eu já não tenho face para oferecer”, comprova Rigoberta. Recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1992. (Eduardo Galeano, O século do vento. Memória do fogo, vol. 3, L&PM Pocket vol. 909, 2010, p. 342-343)

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