sábado, 23 de março de 2013

Fatos & Personagens: Dom Oscar Romero


Oscar Arnulfo Romero

São Salvador, 24 de março de 1980. Às 18:30, enquanto celebrava a eucaristia, cai assassinado Oscar Arnulfo Romero, arcebispo da capital.

Oscar Romero nasceu na cidade Barrios, de uma família mestiça, e havia amadurecido a vocação presbiteral depois de ter sido carpinteiro na vila onde havia crescido. Terminou seus estudos em Roma, durante a segunda guerra mundial. Voltou à sua pátria, onde recebeu responsabilidades cada vez maiores na Igreja salvadorenha.

Quando morreu o arcebispo Luis Cháver y Gozalez, grande defensor dos pobres e oprimidos, a arquidiocese de San Salvador estava dividida. Romero foi nomeado como sucessor de Cháver y Gozalez, motivo de grande satisfação dos setores conservadores da sociedade, que o consideravam homem de uma espiritualidade inócua e desencarnada.

Mas no contexto da dramática situação política e social do seu país, Dom Romero começou a denunciar corajosamente as injustiças e violências padecidas pelos agricultores e demais pobres de El Salvador, confrontando a realidade quotidiana com o Evangelho e suas exigências.

Promotor do diálogo e da reconciliação na Igreja e no país, sua popularidade cresceu muito nos três anos de pastoreio frente à arquidiocese. Mas, ao mesmo tempo, atraiu a hostilidade dos poderosos e inclusive de parte da hierarquia católica do seu país.

Fiel ao seu lema episcopal (‘sentir com a Igreja’), Romero se empenhou até o dom da própria vida para promover uma profunda conversão do corpo eclesial, único caminho que pode habilitar a Igreja a denunciar as injustiças do mundo.

Eis alguns trechos das suas homilias: "Peço ao Senhor, durante toda a semana, enquanto vou recolhendo o clamor do povo e a dor de tanto crime, a ignomínia de tanta violência, que me dê a palavra oportuna para consolar, para denunciar, para chamar ao arrependimento. Eu denuncio, sobretudo, a absolutização da riqueza. Este é o grande mal de El Salvador: a riqueza, a propriedade privada como um absoluto intocável. E ai daquele que toque nessa cerca de alta tensão! Se queima! Vivemos em uma falsa ordem baseada na repressão e no medo. Roubar tornou-se comum. E aquele que não rouba é chamado de tonto. Brinca-se com o povo; brinca-se com as votações; brinca-se com a dignidade das pessoas. Estamos em um mundo de mentiras, onde ninguém acredita em nada".

(Comunità de Bose, Il libro dei testimoni, San Paolo, Milano, 2002, p. 165-166)

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