sexta-feira, 8 de março de 2013

Reflexões sobre a Igreja (1)


Eu não troco a minha Igreja, não é por ser a melhor...

Como cristãos sabemos que um ano não é novo simplesmente porque o calendário mudou. E uma comunidade eclesial não é evangélica pelo simples fato de se referir frequentemente a ele ou anuniá-lo publicamente. Quero aproveitar esta espaço para partilhar algumas reflexões sobre alguns aspectos mais relevantes da vida e da missão Igreja, favorecendo assim a formação permanente dos agentes das comunidades eclesiais e dos seus membros em geral.
Um hino muito querido e cantado em nossas comunidades diz: "Eu não troco a minha Igreja, não é por ser a melhor; é que nela eu me sinto bem: Jesus Cristo é um só. Nossa Igreja é dos pobres, acolhe sempre o menor. Só me alegro quando vejo todo povo ao redor. Somos povo unido num caminho só."
Esta é uma outra forma de dizer aquilo que os primeiros cristãos experimentaram e expressaram nos evangelhos. A título de exemplo: os pastores ficaram maravilhados diante de um Deus que se encarnou numa criança frágil e pobre e voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido. E Maria procurava compreender o sentido de tudo isso. Paulo escreve à comunidade cristã dos gálatas que, na base da vida cristã, está a experiência de ser adotado como filho ou filha, de reconhecer Deus como Pai. E isso supõe também a convicção de ser herdeiro do reino de Deus, de não ser escravo de nada e de ninguém.
O que significa isso? Que a Igreja é a comunidade dos homens e mulheres que se reúnem em torno da vida e do ensinamento de Jesus Cristo; que aprofunda o significado de um Deus que se faz humano e pobre; que anuncia e testemunha com entusiasmo essa boa notícia; que faz a experiência de ser libertada de todas as formas de escravidão; que se empenha radicalmente na promoção da vida abundante para todas as pessoas. A Igreja é povo unido num caminho só, espaço onde todas as pessoas, especialmente os "menores" são acolhidos, podem se sentir bem e são solidariamente apoiados.
Todos sabemos que nossas comunidades eclesiais concretas acalentam o sonho de ser uma Igreja assim. E este sonho não é uma utopia irrealizável, pois temos ao nosso lado pessoas que são testemunhos vivos de um "povo novo", uma "nuvem de testemunhas" (cf. Hb 12,1). Todos os mártires, santos e santas são nossos irmãos e irmãs de Igreja, e isso nos orgulha e nos compromete.
Mas sabemos também que nossas comunidades reais não são muito melhores nem totalmente diferentes dos outros grupos humanos. São comunidades de pessoas reais e concretas que desejam se orientar pelo Evangelho de Jesus Cristo, mas que também trazem no seu interior disputas, competições, fechamentos. São comunidades que vivem no mundo e às vezes sucumbem sob sua influência. Por isso, nossa querida Igreja é contraditória, provoca sofrimento, precisa de conversão. Mas nela nos sentimos bem e não trocamos por outra, porque Jesus Cristo é um só...
Itacir Brassiani msf

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