sexta-feira, 15 de março de 2013

Reflexoes sobre a Igreja (8)


"Para que o mundo creia na justiça e no amor..."
O ecumenismo é um dos movimentos mais importantes que surgiram no interior do cristianismo no século XX. Nascido no seio das Igrejas protestantes, o movimento ecumênico ganhou pouco a pouco a confiança e a adesão da Igreja católica romana. Apesar das tentações para retroceder, permanece a referência do Concílio Vaticano II, que fundamenta e encoraja a busca de comunhão das Igrejas cristãs. João Paulo II foi um defensor ardoroso da perspectiva ecumênica.
É importante ter consciência de que Jesus Cristo não é católico, como também não é protestante ou pentecostal. A tentação de aprisionar Jesus Cristo dentro dos muros de uma determinada confissão cristã não está totalmente vencida. Continua real o risco de criar e vender uma imagem de um Jesus identificado com os interesses desta ou daquela Igreja e de levantar acusações recíprocas em nome da fé nesse mesmo Jesus.
A divisão do cristianismo em Igrejas que não dialogam, não se valorizam e não se entendem é um escândalo e depõe contra a autenticidade da fé em Jesus Cristo. Um dos cânticos da CF ecumênica de 2000 e 2005 propõe: "Para que o mundo creia na justiça e no amor, formaremos um só povo num só Deus, um só pastor. De mãos dadas a caminho, porque juntos somos mais; pra cantar um novo hino de unidade, amor e paz!" A abertura ecumênica é indispensável para que o anúncio das igrejas cristãs tenha credibilidade. Como poderão acreditar numa Igreja cristã que, em nome de sua fé em Jesus Cristo, despreza e condena outras tradições que também se apresentam como cristãs?
A adesão da Igreja católica romana ao ecumenismo tem fundamentação na sua própria compreensão de Igreja. Entendo-se como povo de Deus peregrino no mundo, a Igreja sabe que este povo de Deus a ultrapassa. O Vaticano II ensina que, embora o povo de Deus subsista de forma especialmente densa na Igreja católica romana, as diversas Igrejas cristãs estão a ele ligados por diversos laços, como o batismo, a eucaristia, o serviço à Palavra e o martírio.
Nunca é demais sublinhar que aquilo que as diversas Igrejas cristãs têm em comum é muito mais importante e fundamental do que aquilo que têm de diverso. Temos em comum a fé em Jesus Cristo e no Espírito Santo, a Bíblia praticamente inteira, a tradição apostólica, a salvação pela fé, os sacramentos do batismo e da eucaristia. O que é mais importante que isso? As diferenças não chegam a fazer diferença!
Nossas comunidades, paróquias e dioceses não podem se furtar à urgência do diálogo ecumênico. Esta não é uma tarefa restrita aos peritos ou autoridades eclesiais. Não podemos nos enganar pensando que não necessitamos das outras Igrejas. Precisamos delas sim, pois elas desenvolveram aspectos da fé que nos fazem falta e precisamos assimilar. E, além disso, o orgulho que leva a menosprezar a experiência de fé dos outros não é uma das marcas dos discípulos de Jesus Cristo.
A caminhada ecumênica pode se expressar de diversas formas: no engajamento conjunto nas lutas que defendem e promovem a vida; na escuta, estudo e pesquisa conjunta da Palavra de Deus; em jornadas ecumênicas de oração pela unidade; em seminários e jornadas ecumênicas de aprofundamento de temas teológicos. Há campo de trabalho para todos!
Itacir Brassiani msf

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