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Coríntios 5,11 – 6,2. O ministério da reconciliação
Paulo volta a explicar o sentido do ministério apostólico, a fim de que
os coríntios saibam responder àqueles que se apresentavam cheios de si mesmos,
ufanando-se das próprias experiências religiosas e da sua sabedoria. Em vez
disso, Paulo, conquistado de um jeito um pouco louco pelo amor de Cristo (“se
somos loucos, o somos por Deus”), afirma que os crentes não vivem mais por si
mesmos mas por Jesus, que morreu e ressuscitou por todos. Este é o coração do
Evangelho, e quem o acolhe se torna uma nova criatura, encontra um novo sentido
de viver, ou seja: não vive mais para si mesmo, que é o ‘evangelho’ do mundo,
aquele ‘evangelho’ que todos gritavam a Jesus quando estava na cruz, “Salva a
ti mesmo!” O Evangelho de Jesus Cristo é o amor que não conhece nenhum limite,
o amor que perdoa aqueles que nos ofendem e que nos impulsiona a amar inclusive
os inimigos. Infelizmente, é verdadeiramente difícil compreender que este é o
coração da vida cristã e que esta é a verdadeira novidade da qual o nosso mundo
necessita. Muito frequentemente, caímos na escravidão do amor a nós mesmos. Por
isso, temos necessidade de continuar a voltar o nosso olhar e o nosso coração
ao Senhor para aprender dele o sentido da vida. Se o acolhemos no coração, se
nos alimentamos da sua Palavra e do seu Corpo, se vivemos em comunhão com os
irmãos e irmãs, também seremos renovados. Paulo escreve: “Portanto, se alguém
está em Cristo, é criatura nova” (2 Cor 5,17). Se permanecemos unidos a Cristo
e à sua Igreja, somos reconciliados por Deus. Portanto, para ser renovado, o
apóstolo se faz ministro da reconciliação, embaixador de Cristo. Ninguém pode
se reconciliar por si mesmo, ninguém pode autoperdoar-se. Todos temos
necessidade do apóstolo, que continua a insistir: “Reconciliai-vos com Deus!”
Paulo parece nos dizer que o Senhor nos ama a tal ponto que não nos
responsabiliza ou condena nem mesmo pelos nossos pecados. De fato, além de nos
salvar da condenação, Jesus se torna pecado por nós e confia aos discípulos o
ministério da reconciliação. Num mundo dilacerado por divisões, devorado pelo
mal e avarento no perdão, é necessário que os crentes manifestem misericórdia e
compaixão. Entre os tantos momentos que nos possibilitam manifestar o amor e o
perdão, temos aquele particular do sacramento da reconciliação. É o momento alto,
no qual o próprio Deus se inclina sobre nós com uma misericórdia infinita. É a
alegria do abraço do Senhor, representado nesse momento pelo ministro.
Reflexão preparada pela Comunidade Santo
Egídio de Roma e traduzida ao português a pedido da mesma por Itacir Brassiani msf)
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