terça-feira, 9 de abril de 2013

A Palavra de Deus na nossa vida (8)


2 Coríntios 3,1-18. Um Evangelho escrito nos corações
Mais que em qualquer outro momento, nesta carta Paulo se vê obrigado a falar de si mesmo. E não o faz por desejo de protagonismo, mas para manter a comunidade de Corinto ligada ao Evangelho. E acrescenta que Corinto é uma carta sua carta, “conhecida e lida por todos” (3,2).  Podemos dizer que a própria vida da comunidade é o anúncio mais claro e forte do Evangelho. É nisso que se fundamenta aquilo que São Gergório diz: “A escritura cresce com aqueles que a lêem.” A verdadeira escritura, a “carta de Cristo” é a comunidade viva. É nela que aparece a força da Palavra escrita pelo Espírito no coração dos ouvintes através da pregação do apóstolo. A relação entre a pregação e o coração de quem escuta não depende da habilidade de quem anuncia o Evangelho, mas do Espírito presente no seu coração. Na primeira carta que escreveu à Comunidade de Corinto Paulo já havia dito: “Estive junto de vocês com fraqueza e receio, e com muito tremor. Minha palavra e minha pregação não se apoiavam na persuasão da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito” (1 Cor 2,3-4). Nas palavras do apóstolo emerge o amor apaixonado com a qual comunicou a Palavra de Deus, a fim de que chegasse ao coração dos ouvintes. É nisso que ele se empenhou e gastou os anos de sua vida. E agora ele reivindica sua paternidade sobre a comunidade, para que ela não se afaste do fundamento do Evangelho. O trecho termina com uma releitura da revelação de Deus a Moisés, no monte Sinai. Paulo compara a revelação da Lei, feita em tábuas de pedra, com a revelação do Evangelho. Esta última, operada pelo Espírito, é muito mais profunda que a primeira, porque não é gravada em tábuas de pedra, mas nos corações. E acrescenta: “A letra mata, o Espírito é que dá vida” (2 Cor 3,6). O Espirito de Jesus levanta o véu de uma religiosidade ritual para mostrar que a essência eterna do Evangelho é o amor.
Reflexão preparada pela Comunidade Santo Egídio de Roma e traduzida ao português a pedido da mesma por Itacir Brassiani msf)

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