Lucas
24,13-35. Os discípulos de Emaús
Com a
narração de Emaús, a Igreja nos convida a permanecer ainda dentro do dia da
Páscoa: não podemos nos afastar dela, devemos revivê-la para experimentar o
mistério salvífico. Nós continuamos hoje a viagem daqueles dois discípulos.
Podemos dizer que a tristeza deles é a nossa tristeza e, certamente, a de
tantos homens e mulheres que vivem esmagados pela dor e pela violência. Quantas
pessoas hoje, cedendo porque pensam que nada pode mudar, voltam, como aqueles dois
discípulos, à aldeia de origem, às próprias preocupações e interesses? É
verdade que não faltam motivos para a resignação: o próprio Evangelho às vezes
é derrotado pelas forças do mal. Todos vemos que, não raramente, o ódio vence o
amor, o mal supera o bem, a indiferença é mais forte que a compaixão. Mas eis
que aparece entre nós um estrangeiro – sim, um homem que não se submeteu à
mentalidade do mundo – e começa a nos explicar as escrituras. E então se
estabelece um diálogo entre aqueles dois e o estrangeiro. O diálogo continua e,
pouco a pouco, a tristeza dos discípulos desaparece e o coração deles se aquece
de novo. Eles nem se dão conta daquilo que acontece: será preciso que cresçam
no conhecimento e no amor para que seus olhos se abram. Depois de muita
conversa, quase no fim da viagem, brota do coração deles uma oração muito
simples: “Fica conosco!...” (Lc 24,29). O estrangeiro atende o pedido deles. O
mesmo Jesus havia sugerido aos discípulos: “Pedi e recebereis…” (Jo 16,24). E,
no Apocalipse, declara: “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei
na sua casa e tomaremos a refeição...” (Ap 3,20). Jesus entrou para jantar com
os dois e, enquanto partia o pão, eles o reconheceram. Vendo aquele gesto de
“partir o pão”, gesto que só Jesus sabia fazer, os dois reconheceram o mestre. Jesus não estava mais
preso à sepultura: agora os acompanhava pelas estradas do mundo. E, de fato,
imediatamente saíram a comunicar o Evangelho da ressurreição aos outros irmãos.
Reflexão da Comunidade Santo Egídio
(Traduzido ao português a pedido da mesma por Itacir
Brassiani msf)
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