Na tarde do dia 30
de abril de 1977, se reuniram pela primeira vez as catorze mães dos filhos
desaparecidos. Desde então buscaram juntas, juntas bateram nas portas que não
se abriam. “Todas por todas!”, diziam. “Todos/as são nossos/as filhos/as!”
Milhares e milhares de filhos/as tinham sido devorados/as
pela ditadura militar argentina e mais de quinhentas crianças haviam sido
distribuídas como prendas de guerra, e nenhuma palavra era dita pelos jornais,
pelas rádios, pelos canais de televisão.
Alguns dias depois da primeira reunião, três daquelas
mães – Azucena Villaflor, Esther Ballestrino e Maria Eugenia Ponce – também desapareceram,
como seus filhos/as, e como eles/as foram torturadas e assassinadas.
Mas as caminhadas das quintas-feiras, ninguém mais
conseguiu parar. Os lenços brancos davam voltas e mais voltas pela Plaza de
Mayo e pelo mapa do mundo.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 144)
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