No dia 16 de abril, quarta-feira
da semana santa de 1783, morreu em Roma Bendito José Labre, o ‘giramundo de
Deus’. Nascido em Amettes, hoje diocese de Arras, norte da França, Benedito recebeu
uma formação que lhe possibilitou ler em latim os grandes textos espirituais do
seu tempo.
Desde muito jovem, Benedito se
descobriu chamado à vida monástica, mas seu caminho vocacional não foi fácil. De
fato, por causa da sua pouca idade e da saúde frágil, ele não foi aceito por
diversos mosteiros. Os trapistas não o consideraram em condições de levar uma
vida religiosa tradicional.
O jovem Labre não se rendeu e, a
partir dos próprios limites e da exclusão sofrida, discerniu o chamado a uma
forma de testemunho diversa e, ao mesmo tempo, profundamente evangélica.
Fazendo-se peregrino sem morada fixa, em busca da cidade futura, Benedito
mergulhou na oração, que não abandonará até à morte.
Visitou os grandes centros da
Europa cristã levando na bolsa unicamente o Novo Testamento, o breviário e o
livro Imitação de Cristo. Chegou a
Roma com vinte e oito anos de idade e viveu errante durante sete anos, de
igreja em igreja, dormindo nas ruínas do Coliseu, à escuta dos pobres e
peregrinos. Fez-se amigo dos heréticos e não-crentes e viveu totalmente
abandonado ao amor misericordioso de Deus, como havia sonhado desde pequeno.
Quando Benedito morreu, uma
notícia se espalhou pelas ruas de Roma. “Morreu o santo!...”, e milhares de pobres e giramundos participaram
dos seus funerais na igreja de Santa Maria dos Montes. Benedito Labre,
giramundo de Deus e pobre de Cristo, testemunha ao coração da Igreja do
Ocidente uma condição paradoxal de santidade que o aproxima das grandes figuras
dos ‘loucos por Cristo’ das Igrejas do Oriente.
(Comunità de Bose, Il libro dei testimoni, San Paolo, Milano,
2002, p. 197)
Nenhum comentário:
Postar um comentário