domingo, 28 de abril de 2013

Fatos & Personagens: Catarina de Sena


Catarina de Sena

No calendário romano e no calendário anglicano, o dia 29 de abril propõe a memória de Santa Catarina de Sena, consagrada da terceira ordem sodminicana e doutora da fé.

Catarina Benincasa nasceu em Sena em 1347, a penúltima de 25 filhas. Demonstrando desde pequena uma inclinação à vida interior, aos 15 anos se consagrou como terciária dominicana, atraída pela atividade caritativa em favor dos pobres e doentes. Seu amor por Cristo, alimentando por un vivo e constante diálogo interior e pela radical vida evangélica que levava, atraíram um pequeno grupo de discípulos che a seguiam para participar dos seus dons e do seu ministério.

Catarina dedicou toda a sua vida à causa da paz e da unidade, atuando decididamente – fato nada ordinário em se tratando de uma jovem mulher daquele tempo – pela reconciliação da cidade dividida e em luta e pela reforma da Igreja, ferida pela corrupção e pelo cisma.

Catarina visitava os pobres para confortá-los e os poderosos para indicar-lhes a via da reconciliação exigida pelo Evangelho. Manteve uma intensa correspondncia postal, graças à qual ampliava seus conselhos espirituais a todos aqueles que lhe pediam uma palavra e, no seu Diálogo sobre a divina providência, nos deixou um cântico de amor de rara beleza.

Catarina foi proclamada doutora da Igreja por Paulo VI, em 1968, título que lhe é reconhecido também pela Igreja anglicana. Morreu no dia 29 de abril  de 1380 e, apesar de ter vivido um breve lapso de tempo, com sua vida nos deixou como legado uma das mais belas páginas da espiritualidade cristã. Eis um fragmento, pequeno mas suficiente para nos dar a conhecer a profundidade da sua experiência e do seu saber.


Agradeço-te, Pai Eterno, porque não desprezaste esta Tua criatura e os seus desejos.
Tu és a luz, eu sou a escuridão. Tu és a vida, eu sou a morte. Tu és o médico, eu sou a enferma. Tu és a pureza, eu sou a pecadora. Tu és o infinito, eu sou a finitude. Tu és a sabedoria, eu sou a ignorância.
Apesar deste e de outros infinitos males que existem em mim, a Tua sabedoria, a Tua bondade, a Tua clemência, o Teu infinito bem, não me desprezaram. Até me luminaste com a Tua luz.  Na Tua sabedoria conheci a verdade. Na Tua clemência encontrei a caridade, por Ti e pelos homens. Quem Te obrigou a realizar tudo isso? Não as minhas virtudes, mas o Teu amor.
Que o Teu conhecimento ilumine a minha inteligência pela fé e que eu compreenda a verdade que me revelaste. Concede-me que na minha memória conserve a recordação dos Teus benefícios; que a minha vontade arda na chama do Teu amor e que essa chama faça brotar sangue do meu corpo.
No sangue e na obediência eu abrirei as portas do céu. Peço o mesmo para todos os homens, em geral e em particular, bem como para a hierarquia da Santa Igreja. Confesso que me amaste antes que eu existisse e me amas inefavelmente, como que enlouquecido pela Tua criatura.
Ó Trindade eterna, ó divindade! A Tua natureza divina valorizou o preço do sangue de Jesus. És um mar profundo. Quanto mais nele penetro, mais encontro; quanto mais encontro, mais Te procuro. E quando o homem se sacia no Teu abismo, mais Te deseja; está sempre com fome, com sede de Ti.Trindade eterna, desejo ver-Te na luz com a Tua luz!
Ó Trindade eterna, fogo e abismo de amor! Dissolve hoje mesmo este meu corpo! O conhecimento que me deste, no Teu Filho, obriga-me a suspirar pela morte, a entregar a minha vida para a glória e louvor do Teu nome, pois no meu espírito eu experimentei, na tua luz, o teu abismo e a beleza do homem.
Olhando-me em Ti, vi que sou Tua imagem. Deste-me o Teu poder, Pai eterno;
pela inteligência deste-me da Tua sabedoria, própria do Filho; o Espírito Santo, que procede de Ti e do Filho, concedeu-me a vontade com que sou capaz de amar.
Tu, Trindade Eterna, és o Criador, eu a criatura. Na redenção, ao recriar-me no sangue de Teu Filho, ó Pai, mostraste que estás apaixonado pela criatura. Ó divindade eterna, que mais podias conceder-me além de Ti mesmo?
És um fogo que sempre arde e nunca se consome;és um fogo que destrói, no seu calor, o egoísmo humano; és um fogo que aquece toda a frieza, que ilumina. Com a Tua luz fizeste-me conhecer a Tua verdade. És uma luz superior a toda a luz. Dás uma iluminação abundante e perfeita à inteligência, aclarando-a na fé. Por meio dela, eu vejo que a minha alma possui a vida. Nessa luz eu vejo a Tua luz.

(Comunità de Bose, Il libro dei testimoni, San Paolo, Milano, 2002, p. 215-216)

Nenhum comentário: