quarta-feira, 29 de maio de 2013

Começando a caminhada pela 'terra santa'

Pisando a terra do ‘Jovem Galileu’

Nem todos conseguiram partir, mas aqui estamos, recém chegados a Nazaré, na explêndida região da Galiléia: Herculano e Sandra (de Santo Ângelo, RS); Tarsila e Leonor (Irmãs de Santa Catarina de Alexandria, brasileiras que vivem em Roma); Edmundo (nosso Superior Geral, polonês que vive em Roma) e eu. Infelizmente nossos colegas Risdiyanto e Paulino (indonesianos que vivem em Roma), tiveram seus pedidos de visto negados pelo Estado de Israel na manhã de hoje, quando já deveriam estar partindo, sem nenhuma explicação.

A gruta do profeta Elias, em Haifa
Partimos de Roma hoje, às 9h20, com vôo da Alitália direto a Tel Aviv, onde chegamos às 13h30 (hora local, uma hora mais cedo em relação a Roma, seis horas mais cedo em relação ao Brasil). O controle de imigração não fez nenhum problema para nos dar uma autorização de estadia para noventa dias. Logo localizamos o guia que a agência de viagens escolheu para nos acompanhar nesta semana de peregrinação pela Terra Santa. É um cidadão de origem romena, chamado Cornel, cristão ortodoxo que vive há mais de trinta anos de Israel e fala perfeitamente o italiano.

O roteiro previa para hoje unicamente o deslocamento de Tel Aviv a Nazaré, mas o guia nos sugeriu uma parada em Haifa, a terceira cidade mais populosa de Israel (depois de Jerusalém e Tel Aviv) distante duas horas de viagem desta, e um dos portos mais importantes. Em Haifa visitamos o mosteiro Carmelita construído sobre a gruta na qual o profeta Elias se refugiou quando, depois de ter eliminado à espada os profetas de Baal, sendo perseguido por Jesabel fugia desanimado. Foi no interior dessa gruta que o profeta aprendeu a reconhecer a presença de Deus na brisa leve, e não no fogo, no furacão e no terremoto. Nem sempre o ardor das ideologias que apaixonam é portador de verdade e de vida. Uma antiga tradição diz que a Sagrada Família, voltando do Egito a Nazaré, também visitou esta gruta.

Cidade e porto de Haifa
Depois de ter subido ao alto do Monte Carmelo e contemplado a beleza desta cidade portuária, de ter localizado a fronteira de Israel com o Líbano e de ter observado o extremo oriental do mar Mediterrâneo, continuamos a viagem em direção a Nazaré. Poucos quilômetros depois de Haifa a geografia mudou e nos desparamos com as explêndidas paisagens da nossa conhecida Galiléia. O guia nos lembrava que a palavra ‘galiléia’ vem de ‘ondulações’, das suaves colinas que dividem os vales, um mais belo e a mais fértil que o outro.

Assim, às 17h30 chegamos a Nazaré, onde ficaremos hospedados nos próximos dois dias. Esta cidade que, no tempo de Jesus, era habitada por não mais que cento e cinquenta pessoas, é hoje uma bela e dinâmica cidade de cento e quarenta mil cidadãos, a maioria absoluta, praticamente 100%, de origem árabe. Nazaré é um polo da região da Galiléia, onde vivem duzentos e quarenta mil pessoas. A presença cristã não chega a 30% da população. Aqui estamos hospedados numa pousada administrada pelas Irmãs do Santo Rosário.

Paisagens da Galiléia
Não sei exatamente quais serão as emoções mais fortes neste giro mais espiritual que turístico, mas começar por Nazaré certamente fala muito alto para um Missionário da Sagrada Família. Nossa peregrinação começará verdadeiramente amanhã. No programa está a visita ao lugar da anunciação do anjo a Maria, ao lugar onde morou a Sagrada Família, a Caná e ao monte Tabor, lugar da transfiguração de Jesus. Espero poder partilhar com vocês as impressões mais significativas.

Quero terminar apenas lembrando alguns dos belos versos musicados pelo Pe. Zezinho na clássica canção ‘Jovem galile’:  “Um certo dia, à beira-mar, apareceu um jovem galileu. Ninguém podia imaginar que alguém pudesse amar do jeito que ele amava...” Nazaré, por mais insignificante que fosse, deu a ele e à sua família um sobre-nome que hoje se tornou memória e utopia.

Itacir Brassiani msf

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