Pisando a terra do ‘Jovem Galileu’
Nem todos conseguiram partir, mas aqui
estamos, recém chegados a Nazaré, na explêndida região da Galiléia: Herculano e
Sandra (de Santo Ângelo, RS); Tarsila e Leonor (Irmãs de Santa Catarina de
Alexandria, brasileiras que vivem em Roma); Edmundo (nosso Superior Geral,
polonês que vive em Roma) e eu. Infelizmente nossos colegas Risdiyanto e
Paulino (indonesianos que vivem em Roma), tiveram seus pedidos de visto negados
pelo Estado de Israel na manhã de hoje, quando já deveriam estar partindo, sem
nenhuma explicação.
A gruta do profeta Elias, em Haifa |
Partimos de Roma hoje, às 9h20, com vôo da
Alitália direto a Tel Aviv, onde chegamos às 13h30 (hora local, uma hora mais
cedo em relação a Roma, seis horas mais cedo em relação ao Brasil). O controle
de imigração não fez nenhum problema para nos dar uma autorização de estadia
para noventa dias. Logo localizamos o guia que a agência de viagens escolheu
para nos acompanhar nesta semana de peregrinação pela Terra Santa. É um cidadão
de origem romena, chamado Cornel, cristão ortodoxo que vive há mais de trinta
anos de Israel e fala perfeitamente o italiano.
O roteiro previa para hoje unicamente o
deslocamento de Tel Aviv a Nazaré, mas o guia nos sugeriu uma parada em Haifa,
a terceira cidade mais populosa de Israel (depois de Jerusalém e Tel Aviv) distante
duas horas de viagem desta, e um dos portos mais importantes. Em Haifa
visitamos o mosteiro Carmelita construído sobre a gruta na qual o profeta Elias
se refugiou quando, depois de ter eliminado à espada os profetas de Baal, sendo
perseguido por Jesabel fugia desanimado. Foi no interior dessa gruta que o
profeta aprendeu a reconhecer a presença de Deus na brisa leve, e não no fogo,
no furacão e no terremoto. Nem sempre o ardor das ideologias que apaixonam é
portador de verdade e de vida. Uma antiga tradição diz que a Sagrada Família,
voltando do Egito a Nazaré, também visitou esta gruta.
Cidade e porto de Haifa |
Depois de ter subido ao alto do Monte
Carmelo e contemplado a beleza desta cidade portuária, de ter localizado a
fronteira de Israel com o Líbano e de ter observado o extremo oriental do mar
Mediterrâneo, continuamos a viagem em direção a Nazaré. Poucos quilômetros
depois de Haifa a geografia mudou e nos desparamos com as explêndidas paisagens
da nossa conhecida Galiléia. O guia nos lembrava que a palavra ‘galiléia’ vem
de ‘ondulações’, das suaves colinas que dividem os vales, um mais belo e a mais
fértil que o outro.
Assim, às 17h30 chegamos a Nazaré, onde
ficaremos hospedados nos próximos dois dias. Esta cidade que, no tempo de Jesus,
era habitada por não mais que cento e cinquenta pessoas, é hoje uma bela e
dinâmica cidade de cento e quarenta mil cidadãos, a maioria absoluta,
praticamente 100%, de origem árabe. Nazaré é um polo da região da Galiléia, onde
vivem duzentos e quarenta mil pessoas. A presença cristã não chega a 30% da
população. Aqui estamos hospedados numa pousada administrada pelas Irmãs do
Santo Rosário.
Paisagens da Galiléia |
Não sei exatamente quais serão as emoções
mais fortes neste giro mais espiritual que turístico, mas começar por Nazaré
certamente fala muito alto para um Missionário da Sagrada Família. Nossa
peregrinação começará verdadeiramente amanhã. No programa está a visita ao
lugar da anunciação do anjo a Maria, ao lugar onde morou a Sagrada Família, a
Caná e ao monte Tabor, lugar da transfiguração de Jesus. Espero poder partilhar
com vocês as impressões mais significativas.
Quero terminar apenas lembrando alguns dos
belos versos musicados pelo Pe. Zezinho na clássica canção ‘Jovem galile’: “Um certo dia, à beira-mar, apareceu um jovem
galileu. Ninguém podia imaginar que alguém pudesse amar do jeito que ele
amava...” Nazaré, por mais insignificante que fosse, deu a ele e à sua família
um sobre-nome que hoje se tornou memória e utopia.
Itacir Brassiani msf
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