domingo, 19 de maio de 2013

Fatos & Personagens: jornada de 35 horas


Um raro ato de lucidez

Em 1998, a França baixou uma lei que reduziu a trinta e cinco horas semanais a jornada de trabalho.

Trabalhar menos, viver mais: Tomás Morus tinha sonhado isso, em sua Utopia, mas foi preciso esperar cinco séculos para que enfim uma nação se atrevesse a cometer tamanho ato de bom-senso.

Afinal de contas, para que servem as máquinas, se não for para reduzir o tempo de trabalho e ampliar nossos espaços de liberdade? Por que o progresso tecnológico precisa nos dar desemprego e angústia?

Por uma vez, ao menos, houve um país que se atreveu a desafiar tanto absurdo. Durou pouco, a lucidez. A lei das trinta e cinco horas morreu dez anos depois.

(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p. 166)

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