quinta-feira, 16 de maio de 2013

Fatos & Personagens: os EUA e as ditaduras na AL


Breve história do plantio da Democracia na América

Em 1915, os Estados Unidos invadiram o Haiti. Em nome do governo, Robert Lansing explicou que a raça negra era incapaz de governar a si própria, “pela tendência inerente à vida selvagem e sua incapacidade física de Civilização”. Os invasores ficaram dezenove anos. O chefe patriota Charlemagne Péralte foi cravado em cruz numa porta.

Vinte e um anos durou a ocupação da Nicarágua, que desembocou na ditadura Somoza, e nove anos a ocupação da República Dominicana, que desembocou na ditadura Trujillo.

Em 1954, os Estados Unidos inauguraram a democracia na Guatemala, através de bombardeios que acabaram com as eleições livres e outras perversões.

Em 1964, os generais que acabaram com as eleições livres e outras perversões no Brasil receberam dinheiro, armas, petróleo e felicitações da Casa Branca.

E algo parecido aconteceu na Bolívia,onde um estudioso chegou à conclusão de que os Estados Unidos eram o único país onde não havia golpes de Estado, porque lá não havia embaixada dos Estados Unidos...

Essa conclusão foi confirmada quando o general Pinochet obedeceu à voz de alarme de Henry Kissinger e evitou que o Chile se tornasse comunista “graças à irresponsabilidade de seu próprio povo”.

Pouco antes ou pouco depois, os Estados Unidos bombardearam três mil panamenhos para capturar um funcionário infiel, desembarcaram tropas em São Domingos para evitar o regresso de um presidente eleito pelo povo, e não tiveram outro remédio a não ser atacar a Nicarágua para evitar que a Nicarágua invadisse os Estados Unidos via Texas...

Naquela altura, Cuba já tinha recebido a carinhosa visita de aviões, navios, bombas, mercenários e milionários enviados por Washington em missão pedagógica. Não conseguiram dar um passo além da Baía dos Porcos.

(Eduardo Galeano, Espelhos, L&PM, 2008, p. 266)

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