segunda-feira, 20 de maio de 2013

Fatos & Personagens: Ota Benga


Dia da diversidade cultural

Em 1906, um pigmeu caçado na selva do Congo chegou ao zoológico de Bronx, em Nova York. Foi chamado de Ota Benga, e foi exibido ao público, numa jaula, junto com um orangotango e quatro chimpanzés.

Os especialistas explicavam ao público que aquele humanoide podia ser o elo perdido, e para confirmar essa suspeita o mostravam brincando com seus irmãos peludos.

Algum tempo depois, o pigmeu foi resgatado pela caridade cristã.

Fez-se o que foi possível, mas não teve jeito. Ota Benga se negava a ser salvo. Não falava, quebrava os pratos da mesa, batia em quem quisesse tocar nele, era incapaz de fazer qualquer trabalho, ficava mudo no coro da igreja e mordia quem queria se fotografar com ele.

No final do inverno de 1916, depois de dez anos de domesticação, Ota Benga sentou-se na frente do fogo, se despiu, queimou a roupa que era obrigado a vestir e apontou para o coração a pistola que havia roubado.

(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p. 167)

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