quinta-feira, 22 de maio de 2014

Fatos & Personagens: Savonarola


Jerônimo de Savonarola

No dia 23 de maio de 1498, em Florença, sobiu ao patíbulo o Frei Jerônimo Savonarola, pregador dominicano cujos restos mortais foram depois queimados e jogados no rio Arno. Foi o inevitável epílogo de uma vida consumida pelo fogo devorante do amor por Deus e pelo seu Reino.

Jerônimo nasceu em Ferrara, em 1452, e desde jovem se sentiu chamado a denunciar profeticamente os pecados da igreja. Admitido ao convento dominicano de Bologna, Jerônimo se tornou um renomado pregador. Homem de constante colóquio interior com o Senhor, acreditou poder transformar com a força da sua pregação apocalíptica a cidade de Florença, onde se tornara prior do Convento São Marcos.

Recorrendo a métodos não-violentos focalizados na persuasão, mesmo se às vezes de evangelicidade duvidosa, Frei Jerônimo pregou a conversão a uma sociedade que se dizia cristã, mas era corrupta e estava distante da lógica do Reino. Entrou diretamente na política internacional da elite de Florença, e suas opiniões se mostraram constrastantes com as da Santa Sé. Isso o levou a sofrer a excomunhão, em 1497. E junto com os favores do Papa, Jerônimo perdeu logo também os favores da cidade, que começou a duvidar das suas profecias.

Levado à prisão, Savonarola acabou vítima das próprias debilidades e, sob tortura, desmentiu grande parte daquilo que fizera e dissera. Foi condenado à morte como herético e cismático, mesmo que no plano doutrinal não tivesse pregado nada que fosse contrário à tradição da igreja.

Próximo da morte, Jerônimo compôs no cárcere estraordinárias orações nas quais reconhecia a própria miséria, se confiava à misericórdia de Deus e dos irmãos, e pedia perdão pelas próprias fraquezas. Savonarola morreu junto com dois companheiros que lhe restaram fiéis, bendizendo a multidão que acorria para presenciar o espetáculo da sua humilhação.

(Comunità de Bose, Il libro dei testimoni, San Paolo, Milano, 2002, p. 248)

Um comentário:

Lidia disse...

coitado...