terça-feira, 21 de maio de 2013

Nesse Nome somos livres!


Seu Nome é Jesus

Deus veio até a casa, desdizendo-se de sua glória.
Pediu licença ao ventre de uma menina sacudido por um decreto de César,
e se tornou um de nós: um palestino entre tantos, em sua rua sem número,
semiartesão de toscas tarefas, que vê passar os romanos e as andorinhas,
que morre depois, de morte ruim, matada, fora da Cidade.

Já sei que faz muito que o sabeis, que vo-lo dizem,
que o sabeis friamente porque vo-lo disseram com palavras frias...
Eu quero que o saibais de repente,hoje, quiçá,
pela primeira vez,absortos, desconcertados, livres de todo mito,
livres de tantas mesquinhas liberdades.

Quero que vo-lo diga o Espírito, qual machadada em tronco vivo!
Quero que O sintais como um esto de sangue no coração da rotina,
em meio a esta carreira de rodas entrechocadas.

Quero que tropeceis com Ele como se tropeça com a porta da Casa,
retornados da guerra, sob o olhar e o beijo impaciente do Pai.

Quero que O griteis como um alarido de vitória pela guerra perdida,
ou como o parto sangrante da esperança
no leito de vosso tédio, noite adentro, apagada toda ciência.

Quero que O encontreis, em um total abraço, Companheiro, Amor, Resposta.
Podereis duvidar de que haja vindo para casa,
se esperais que vos mostre a patente dos prodígios,
se quereis que vos sancione a desídia da vida.

Mas não podeis negar que seu nome é Jesus, com patente de pobre.
E não podeis negar-me que O estais esperando
com a louca carência de vossa vida rejeitada,
como se espera o sopro para sair da asfixia,
quando a morte já se enroscava ao pescoço,
como uma serpente de perguntas.

Seu nome é Jesus.
Seu nome é como seria nosso nome
se fossemos, de verdade, nós mesmos.
(Dom Pedro Casaldáliga)

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