sexta-feira, 3 de maio de 2013

Palavra & Polêmica: Jesus é rejeitado pelos que lhe estão mais próximos


Poucos dias atrás, na festa de São José Operário, na ‘mesa da Palavra’ foi-nos servido o ‘prato’ de Mateus 13,53-58. Jesus encontra-se na própria terra, na sinagoga que ele e sua família frequentaram durante anos e anos. Seu ensino incialmente causa admiração. Seus conterrâneos não conseguem entender como uma pessoa que compartilhava com eles uma origem e uma condiço humilde e humilhada possa fazer e ensinar coisas tão significativas e revolucionárias. Afinal, aparentemente ele não passa do filho do José e da Maria da esquina, do carpinteiro que todos conheciam, do irmão de Tiago, José, Simão, Judas e uma série de meninas. Sua ação transformadora e seu ensino profético impressionavam, mas sua condição humana e social escandalizava. Jesus se dá conta disso e afirma, não sem amargura: “Um profeta só não é valorizado em sua própria terra e na sua própria casa!” E sua afirmação se tornou provérbio popular: “Santo de casa não faz milagre...” Mas Jesus não está para brincadeira e sua afirmação é séria. Sua constatação é reveladora e crítica, desnuda e fere. A ação profética é rejeitada por quem está mais próximo, pelos conterrâneos e familiares. E se fizermos a passagem para a esfera eclesial? Nós, membros ou dirigentes da comunidade eclesial que nasceu do coração de Jesus e se propõe a viver em nome dele, compartilhamos com ele terra e casa, somos sua família. Falando sério, seu ensino e sua ação não nos escandalizam? Será que às vezes não é no seio da hierarquia que Jesus acaba sendo menosprezado, ou, pelo menos, respeitosamente esvaziado de sua força fermentadora e transformadora? Não é isso que vem acontecendo frente à presença, à ação e à organização das mulheres, religiosas norte-americanas mas não só? Não é isso o que ocorre também com aqueles que reinvindicam uma ação inteligente, solidária e emancipadora junto aos oprimidos? Ou com quem ousa propor mudanças na velha, pesada e hipócrita moral sexual sustentada pelo magistério? Penso carência de milagres – literalmente, fatos ou gestos maravilhosos – na Igreja de hoje deriva desta terrível incredulidade... (Itacir Brassiani msf)

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