quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Fatos & Personagens: A revolta dos escravos negros no Haiti

A melhor mão de obra

O padre francês Jean-Baptiste Labat recomendava num de seus livros, publicado em 1742:

“Os meninos africanos de dez a quinze anos são os melhores escravos para se levar para a América. Tem-se a vantagem de educá-los para que marquem o passo como melhor convenha aos seus amos. Os meninos esquecem com mais facilidade seu país natal e os vícios que lá reinam, se encaminham com seus amos e estão menos inclinados à rebelião que os negros mais velhos.”

Esse piedoso missionário sabia bem do que falava. Nas ilhas francesas do mar do Caribe, Père Labat oferecia batismos, comunhões e confissões, e entre missa e missa vigiava suas propriedades. Ele era dono de terras e escravos.

Em 1791, outro amo de terras e escravos enviou uma carta do Haiti. Dizia que “os negros são muito obedientes, e serão sempre”.

A carta estava navegando rumo a Paris quando ocorreu o impossível. Na noite de 22 para 23 de agosto de 1791, noite de tormenta, a maior insurreição de escravos da história da humanidade explodiu nas profundidades da selva haitiana. E esses negros muito obedientes humilharam o exército de Napoleão Bonaparte, que havia invadido a Europa de Madri a Moscou.


(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p. 268-269)

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