Espírito Santo, Amor Divino: tu que enches de luz a mente dos profetas e
acendes palavras de fogo na sua boca, vem e fala-nos de novo com acentos de
esperança.
Quebra a couraça da nossa acomodação ao exílio e desperta em nós a
saudade da pátria perdida. Dissipa os nossos medos e desperta-nos do letárgico
sono do desânimo. Liberta-nos da incapacidade de indignação diante da opressão
e do descarte dos pobres e fracos. E preserva-nos da desgraça de ter que
reconhecer que os primeiros laboratórios da violência e da injustiça estão
instalados no nosso próprio coração e até na Igreja de Jesus Cristo.
Dá-nos a alegria de compreender que tu não falas
apenas através dos microfones das nossas Igrejas e dos pronunciamentos do
Magistério, que ninguém pode se orgulhar de te possuir com
exclusividade. E que, se as sementes do Verbo da Vida estão espalhadas em todas
as terras, é também verdade que os teus gemidos e a tua voz se exprime também nos
louvores dos pentecostais, no estudo e na pregação dos evangélicos, nas
lágrimas dos muçulmanos e na compaixão dos budistas, nos amores dos hindus e no
sorriso dos idólatras, nas palavras e obras generosas dos pagãos e na retidão
ética dos ateus.
Junto com a irrenunciável percepção de que agir e lutar é preciso e urgente,
dá-nos também a sadia compreensão de que não é verdade que tudo depende de nós.
Liberta-nos da busca obsessiva de resultados apostólicos sempre creditados a
nosso favor, e dá-nos a tranquilidade do
semeador, que não teme ausentar-se do campo e deixar que a Semente da
Palavra faça seu percurso.
Santa Maria, ouvinte e servidora
da Palavra, tão servidora que, além de escutá-la e guardá-la, a acolheste
na tua carne: ajuda-nos a colocar Jesus
Cristo e seu Evangelho no centro da nossa vida. Faz com que ele se torne
norma inspiradora das nossas escolhas cotidianas. Preserva-nos da tentação de
dar desconto das suas exigências mais duras. Torna-nos capazes de obedecê-lo
com alegria. E dá asas aos nossos pés, para que possamos prestar à Palavra o precioso
e exigente serviço do anúncio, proclamando-a e testemunhando-a até os confins
da terra.
(Tradução e adaptação de uma invocação de Dom Tonino
Bello)
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