sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Pedindo a graça de dançar ao ritmo do Evangelho

Santa Maria, mulher que conheces bem o sofrimento, mas que também conheces a dança, ajuda-nos a compreender que a dor não é a condição e o destino inexorável do ser humano, mas o vestíbulo pelo qual passamos para deixar a bagagem, pois não se pode dançar com as malas nas mãos...
Não te pedimos o dom da anestesia, nem isenção da quota de sofrimento que nos toca. Te pedimos apenas que, nos momentos de prova, nos preserves do pranto dos desesperados.
Santa Maria, mulher que conheces bem a dança, se te pedimos que estejas perto de nós na hora da nossa morte é porque sabemos que experimentastes verdadeiramente a morte, ão tanto a tua própria morte, aquela que viveste por um breve instante, antes de seres elevada ao céu, mas a morte absurda e violenta do teu filho.
Te suplicamos: renova também para nós, no momento supremo, a ternura que manifestaste a Jesus, quando do meio-dia às três da tarde se fez uma grande escuridão sobre toda a terra. Naquelas horas tenebrosas, nas quais o único som que se ouvia era o dos gemidos do condenado, dançaste em torno da cruz os teus lamentos de mãe, implorando o retorno do Sol...
Pois bem, mulher do eclipse total, repete a dança em torno à cruz dos teus filhos e filhas. Se estás presente, a luz não tarda a despontar, e até o patíbulo mais trágico floresce como o belo e imponente ipê amarelo, anunciando o início da primavera.
Santa Maria, tu que conheces e aprecias a dança, ajuda-nos a compreender que a festa é a vocação fundamental do ser humano. Por isso, renova nossa fidelidade e nossa sintonia com a Boa Palavra do teu filho, aumenta nossa reserva de coragem, duplica nossa provisão de amor, acrescenta óleo nas lâmpadas da nossa esperança.
Ensina-nos a viver de tal modo que, além de promover e preparar a evangélica festa do reconhecimento da dignidade dos últimos, superemos a postura do ‘irmão mais velho’, do ‘justo e justificado’, entremos alegremente nesta festa e participemos da dança da vida. E faz com que, nas frequentes carestias de felicidade que marcam os nossos dias, jamais deixemos de esperar com fé Aquele que, finalmente, mudará nosso luto em dança e nossa roupa de luto em trajes de festa (cf. Sl 30/31,12).
(Tradução e adaptação de uma invocação de Dom Tonino Bello)

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