domingo, 22 de setembro de 2013

Escravidão negra nos EUA

Fim da escravidão negra nos EUA
Abraham Lincoln, eleito em 1861, foi o 16° presidente dos Estados Unidos da América. Ele havia assumiudo a liderança da região Norte na guerra da secessão e, com sua posse, os onze estados do Sul se retiraram da Federação, o que acabou dando início à guerra civil.
O decreto de Lincoln
Em 22 de setembro de 1862, Abraham Lincoln publicou o documento que concedia liberdade preliminar aos escravos dos estados confederados (que entraria em vigor no dia 1° de janeiro de 1863). Essa decisão deu um novo rumo à guerra e abriu as portas para a abolição da escravidão em todo o país.
Às vésperas da Guerra de Secessão, 8 milhões de brancos e 4 milhões de negros (inclusive cerca de 500 mil livres) viviam no sul dos EUA, particularmente ligados à cultura do algodão. A discriminação racial era justificada pela crença na suposta desigualdade entre os seres humanos.
Teria sido esta uma repentina recaída humanista do presidente? Parece que este passo fazia parte de uma estratégia militar: Lincoln esperava, com isso, motivar os escravos da Confederação a apoiar sua luta pela união dos Estados Unidos. Lincoln dizia: "Se eu pudesse salvar a União sem libertar um único escravo, eu o faria". Ao ver que os nortistas não conquistavam vitórias decisivas, Lincoln aderiu às reivindicações dos abolicionistas, e transformou a guerra contra os estados rebeldes numa luta contra a escravidão.
Mesmo com muitos limites, esta medida teve muitas consequências pois, a cada avanço das tropas federais, correspondia à expansão da liberdade para os escravos. No final da guerra, eram mais de duzentos mil os soldados e marinheiros negros que haviam lutado pela própria liberdade.
Mas Lincoln temia que a medida fosse vista apenas como temporária, porque fora adotada em plena Guerra Civil. Desse modo, para libertá-los nos estados em que a escravidão ainda era considerada legal, Lincoln apoiou abertamente a emenda constitucional de 18 de dezembro de 1865 como meio de garantir a permanente abolição da escravatura.
Pelo artigo suplementar 14, de 1868, os negros obtiveram, ao menos formalmente, direitos iguais aos brancos. Dois anos mais tarde, o artigo 15 garantiu a igualdade de direito eleitoral. Porém, os estados como Carolina do Sul, Mississípi e Luisiana, deram um jeito de burlar os direitos dos escravos libertos, mantendo algumas restrições legais.
A emancipação de Lincoln não conseguiu acabar com a humilhação dos negros, e não impediu a violência contra os afro-americanos. Ao contrário: motivou a criação de sociedades secretas, como a Ku Klux Klan, cujo objetivo era manter a hegemonia branca no Sul. Uma prova do relativo sucesso dessas organizações é que somente em 1967 foram anuladas as últimas leis de proibição de casamentos mistos.
Martin Luther King
É claro que estas medidas jurídicas, por mais importantes que tenham sido, não significaram a emancipação dos negros e sua integração plena na sociedade norte-americana. Cem anos depois, Martin Luther King declararia: "Não haverá tranquilidade nem sossego nos EUA enquanto o negro não tiver garantidos os seus direitos de cidadão. Enquanto não chegar o radiante dia da justiça. A luta dos negros por liberdade e igualdade de direitos ainda está longe do fim".
Sinais de racismo persistem até os nossos dias, segundo Martin Luther King III, filho do líder assassinado: "Naturalmente, hoje temos liberdade de opinião, imprensa e religião. Mas algumas outras liberdades faltam. Basta pensar, por exemplo, nos altos escalões empresariais, claramente dominados por homens brancos”.
As tensões sociais continuam, a população das prisões norte-americanas é esmagadoramente negra, organizações racistas ainda agem (principalmente no sul do país) e atos de agressão policial são especialmente violenta contra os negros - tudo isto apesar da recente eleição de um presidente afro-descendente.
Itacir Brassiani msf

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