quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Um artigo do Pe. Ceolin

Para começar o mês dedicado às missões, publiqueicom prazer e emoção um texto do Pe. Ceolin. Com a mesma satisfação, encerro este mês oferecendo mais uma das suas oportunas e sábias meditações. Trata-se de um artigo que ele escreveu por ocasião do Centenário da Páscoa do Fundador, e que foi publicado em O Bertheriano (Ano XXVI, n° 102, Agosto/2009, p. 7. Como sempre, os destaques são dele).Boa leitura e bom proveito!
 O bom exemplo
Nós, Missionários da Sagrada Família, estamos atualmente debruçados sobre a figura do Servo de Deus, Pe. João Berthier. A celebração da sua páscoa para a vida definitiva, ocorrida há cem anos, vem oportunizando deveras um ‘ano da graça’ para nossa família religiosa. Os eventos celebrativos, o uso pessoal e comunitário da coletânea “O legado do Padre Berthier” vêm contribuindo para clarear nossa idendidade de Missionários da Sagrada Família e confirmar nossa pertença ao grupo dos discípulos do Pe. Berthier.
Nosso venerável Fundador passa a ser admirado não somente como incansável pioneiro e empreendedor de inúmeras obras. Ele passa a ser visto e desponta acima de tudo como modelo de vida. Ele mesmo não se apresenta assim. Propôs à nossa imitação o modelo da Sagrada Família. Mas estou convicto de que o Pe. Berthier poderia nos ter deixado o seguinte legado: “Sejam meus imitadores, como eu o sou de Cristo e da Sagrada Família!” (cf. 1Cor 11,1).
Contemplando a vida do nosso Fundador, sua inteira trajetória – na família, no seminário, na montanha da Salette, no ministério, etc. – percebemos que ele é digno de ser imitado. Sobretudo em Grave, ele nos encanta com seu modo de ser. Creio que ele poderia ter nos deixado mais essa recomendação: “Eu lhes dei um exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz!... Mesmo sendo o mestre e superior de vocês, fiz-me tudo para todos...” (cf. Jo 13,15).
Temos conhecimento de que alguns vocacionados, chegando a Grave, ficavam boquiabertos ao verem tamanha pobreza da casa e dos arredores. Alguns simplesmente davam meia-volta e retornavam à casa dos pais. Para outros, porém, a péssima impressão inicial causada pela velha caserna era desfeita depois de terem conhecido o Padre Berthier e experimentado sua grande bondade, sua cordialidade e simpatia. O contato com a pessoa do Fundador os animava a aceitar e abraçar a realidade, que alguns consideravam horripilante.
Hoje estamos nos perguntando a respeito do futuro da Congregação, e eu aceno para a resposta que temos no Diretório Geral: “Pelo exemplo e por uma vida merecedora de fé (ou seja, merecedora de crédito) e pelo entusiasmo no cumprimento da tarefa missionária, queremos estimular a comunidade dos fiéis... e preparar terreno propício ao florescimento de vocações...” (DG, 07).

Por vezes fico a perguntar-me: em vista da formação que tenho, da minha idade avançada, do fato de ser religioso e presbítero, venho servindo de bom exemplo para os fiéis e meus coirmãos? Dou-me conta de que não sou como deveria sê-lo, de que devo ter sempre em mente que eles têm o direito de esperar e de me cobrar postura de vida condizente à minha identidade. A mim cabe o dever de esforçar-me em servir de bom exemplo. Reconheço também que, vindo eu a ser motivo de escândalo e pedra de tropeço para os fiéis e coirmãos, a vergonha não será apenas minha: recairá também sobre toda a família e a instituição à qual pertenço.
Permita Deus que eu seja menos moralizador e supere a tendência em viver apontando os defeitos alheios sem aperceber-me dos meus. Que o bom Mestre não precise desmascarar-me com estas palavras: “Hipócrita, tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você exergará bem como tirar o cisco do olho do seu irmão!...” (Mt 7,5).

Pe. Rodolpho Ceolin msf

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