segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pe. Rodolpho Ceolin msf: um auto-retrato (4)

Pe. Ceolin: um auto-retrato provisório (IV)

Neste último artigo da série, tendo sempre como base seu Projeto de Vida, desejo apresentar resumidamente como o Pe. Ceolin projetava, de modo responsável e exigente, sua própria caminhada.  Ao estabelecer o caminho que se comprometia a trilhar para superar as próprias lacunas e carências, ele nos dá a conhecer sua condição de peregrino, de pessoa incompleta, de homem e religioso que jamais cansou de aperfeiçoar-se, mesmo quando isso lhe parecia muito custoso.

Explicitando resumidamente o que mais desejava alcançar no ano 2000, ele escrevia: “a) Como pessoa: ser um homem atencioso, afável, acolhedor, amigo, simples e humilde, deveras humano; b) Como religioso: dioturnamente e em todo lugar, lembrar que sou consagrado a Deus, ser uma presença amiga no convívio comunitário e cooperar responsavelmente dentro da Província e da Congregação; c) Como padre:  servir ao povo com amor, com dedicação de bom pastor, e ter respeito e carinho pelos pobres e pelos enfraquecidos na .”

Para realizar este desejo profundo e complexo, ele reconhecia que precisava “ser persistente no cultivo pessoal e no projeto de vida”, habituar-se à metodologia (observar, registrar, avaliar), “intensificar e melhorar a qualidade da oração individual”, “estabelecer ações diárias e concretas de gratuidade”, melhorar os cuidados com a saúde e a higiene pessoal”, e, para conseguir tudo isso, “revigorar a vontade.” Daqui podemos concluir que a sua proverbial bondade era bem mais que dom natural...

Considerando tudo o que havia constatado sobre si mesmo e aquilo que acreditava, o Pe. Ceolin estabeleceu como objetivo para o ano 2000: “Suplicar ao Senhor sua ajuda vigorosa a fim de efetuar a conversão do meu insconsciente, relutante em abandonar seus apegos históricos, e assim tornar-me pessoa, religioso e padre segundo a vontade de Deus, a espiritualidade e o carisma dos Missionários da Sagrada Família.” Mais ou menos na mesma linha, no ano anterior, havia estabelecido: “Com humildade e docilidade ao Santo Espírito e com o coração e os olhos voltados para a Sagrada família, tratarei de intensificar perseverantemente minha formação permanente em todas as dimensões da vida.”

Ao desdobrar e concretizar sua meta em seis dimensões, o Pe. Rodolpho mostra que não brincava com a resposabilidade pelo próprio crescimento. Eis o que estabeleceu. Na dimensão pessoal: “Exercitar minha vontade; retomar semanalmente meu projeto de vida para efetuar registros e asvaliações, às segundas-feiras à noite; levantar-me às seis horas da manhã.” Na dimensão comunitária: “Ajudar gratuitamente na lavação da louça e limpeza; ser mais alegre e comunicativo no grupo de vivência; ser menos censurador e mais propositivo, com todos.

Dimensão cultural: “Praticar a metodologia proposta no PEP e Plano de Formação; participar dos cursos de formação da Província e Diocese; escrever um artigo para o Bertheriano a cada dois meses.”  Dimensão espiritual: “Participar dos encontros semanais da Palavra-Vida, como instrumento de crescimento espiritual; fazer ao menos dois retiros anuais; dedicar meia-hora à oração individual, três vezes por semana.”

Dimensão pastoral: “Preparar-me em tempo para as homilias e fazê-las de forma mais propositiva, menos moralistas e mais breves; visitar e ser mais presente junto aos pobres do bairro; participar dos encontros de reflexão e avaliação pastoral na paróquia e no IMT.” Dimensão econômica: “Libertar-me do fumo, antes do pentecostes; desfazer-me de roupas, ficando com as necessárias; zelar com o que pertence à casa e à Província; ser transparente e modesto nos gastos pessoais.”

Mas, além de estabelecer metas corajosas e meios empenhativos, o Pe. Rodolpho também tomou as devidas precauções para que o seu Projeto de Vita não ficasse na pura intenção. Por isso, estabeleceu que todo mês reservaria “ao menos meio-dia para um mini-retiro individual, dedicando à oração e à avaliação, tomando por base o Projeto de Vida” e partilharia esta avaliação com os coirmãos da comunidade de vida, no caso, os próprios junioristas, e com outro coirmão da direção provincial! E concluía seu Projeto de Vida com uma prece que nos dá a medida da sua grande alma: “Senhor, sem ti, o quê poderei realizar?... Sabes quão fraco sou! Vem em meu auxílio com os dons do Espírito Santo. Amém!

Espero que estes quatro breves textos, que são praticamente uma transcrição integral do Projeto de Vida do Pe. Ceolin, tenham ajudado e celebrar sua memória e a pintar um retrato, tão provisório quanto parcial, desse nosso querido e saudoso coirmão. Que ele descanse em paz e que sua vida seja fecunda e nos inspire sempre mais.

Itacir Brassiani msf

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