segunda-feira, 17 de março de 2014

O desafio da colegialidade

O desafio de uma Igreja colegial

A Arquidiocese de Belo Horizonte está promovendo, ao longo do ano 2014, uma nova experiência de formação permanente. Este programa tem como interlocutor os cristãos em geral, especialmente as lideranças ecleiais, e é realizado através de uma série de “Semanas Tamáticas”, subdivididas em palestras e seminários com temas mais específicos.

A primeira destas Semanas Temáticas aconteceu nos dias 9 a 15 do mês em curso e teve como tema a Colegialidade.  Dentro da programação da Semana, no dia 13 de março foi promovido um Seminário sobre “rede de comunidades com o protagonismo dos leigos”, com a presença e a intervenção sempre apreciada de Dm JoséMaria Pires, arcebispo emérito de João Pessoa e vigário paroquial na zona rural da Arquidiocese de Belo Horizonte.

O princípio da colegialidade seria um dos sinais dos tempos, ou melhor, uma das exigências que interpelam mais fortemente a Igreja pós-conciliar? Certamente a colegialidade não se realiza por decreto, nem por simples voluntarismo; ela tem seu processo e seu tempo, seu calendário. Mas tem também seus instrumentos importantes e mais representativos: o sínodo dos bispos, as conferências episcopais,  as assembléias diocesanas, as comissões e conselhos paroquiais, etc.
Por isso, no mesmo dia em que acontecia este Seminário, eu estava reunido, pela segunda vez nestes poucos meses, com o Conselho de Pastoral da Area Pastoral Nossa Senhora Aparecida, uma pró-paróquia confiada aos cuidados da nossa Comunidade MSF em Belo Horizonte. Trata-se de uma Comunidade eclesial com mais de 20 anos de existência, cuja população pertence às classes populares, e que está sendo desmembrada da Paróquia Santa Maria Mãe da Misericórdia.
É nas pequenas parcelas do povo de Deus como esta, e não à margem delas ou apesar delas, que a Igreja se faz carne, com todas as ambiguidades e possibilidades inerentes aos grupos humanos primários. Na reunião do último dia 13 mais uma vez vieram à tona as tensões internas entre grupos e lideranças, assim como entre a vida litúrgica voltada para dentro e a necessidade de sair em missão, de ir ao encontro dos conjuntos habitacionais construídos na área e habitados por uma multidão que ignora a vida eclesial e que é ignorada pela Igreja.
Assim, mesmo que discretamente suspiremos por uma estrutura eclesial na qual tudo funcione bem e as tensões sejam mínimas, os Conselhos de Pastoral – o princípio da colegialidade! – continuam sendo um espaço e uma oportunidade privilegiada de aprendizado e de exercício da cidadania e da corresponsabilidade eclesial. Com todos os seus limites. Mas, do ponto de vista da eclesiologia conciliar, é melhor trabalhar com um Conselho precário que com conselho nenhum...

Itacir Brassiani msf

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