A bandeira como disfarce
No dia 14 de
junho de 1982, a ditadura argentina perdeu a guerra. Mansamente se
renderam, sem que tivessem sofrido nem um cortezinho na hora de se barbear, os
generais que tinham jurado dar a vida pela recuperação das ilhas Malvinas,
usurpadas pelo império britânico.
Divisão militar do trabalho: esses heroicos
violentadores de mulheres amarradas, esses violentos torturadores e ladrões de
bebês e de tudo o que conseguissem roubar, tinham se encarregado das arengas
patrioteiras, enquanto mandavam para o matadouro os jovens recrutas das
províncias mais pobres, que naquelas remotas ilhas do sul morreram de bala ou
de frio.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 194)
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