terça-feira, 19 de agosto de 2014

A vida religiosa no Brasil

A alegria de servir é missionária!

O Papa Francisco inicia sua exortação sobre a evangelização no mundo atual afirmando que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”, porque este encontro liberta do pecado, da tristeza, do vazio interior e do isolamento. E, depois de lembrar que o dinamismo que nos leva a “sair” da própria comodidade para alcançar todas as periferias está muito presente na Palavra de Deus, conclui: “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é missionária” (n° 21).
O Papa destaca que a alegria cristã tem sua fonte no amor maior de Deus, no encontro vivo com ele em Jesus Cristo. É graças a estre encontro, que se converte em amizade feliz, que superamos o isolamento e a autorreferencialidade e chegamos a ser realmente humanos (cf. EG, n° 7-8). “A  alegria do Evangelho é tal que nada e ninguém no-la poderá tirar” (EG, n° 84). E esta é uma alegria profunda, que brota da certeza de que o Evangelho dá respostas às necessidades mais profundas da pessoa humana (cf. EG, n° 265).
Mas faz parte deste encontro regenerador anunciar Aquele que encontramos e convidar outros a fazer a mesma experiência. E isso não por causa de um imperativo externo, mas por fidelidade a nós mesmos. “Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. (...) O ideal cristão convidará a sempre superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual. (...) O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o outro...” (EG, n° 87-88).
Longe de se reduzir a um conjunto de mandamentos e proibições e de nos fechar em nós mesmos/as, o Evangelho nos convida a responder a Deus que nos ama e salva, “reconhecendo-o nos outros e saindo de nós mesmos/as para procurar o bem de todos”. E este convite não pode ser considerado secundário! “Se tal convite não refulge com vigor e fascínio, o edifício moral da Igreja (e também a VRC como um todo) corre o risco de se tornar um castelo de cartas” e estaremos anunciando apenas algumas ênfases morais e doutrinais que derivam de nossas opções ideológicas (cf. EG, n° 39).

Eis o caminho para que a VRC reencontre a fascinante alegria que contagiou multidões em diferentes momentos da história. É a alegria de quem se sente amado/a, acolhido/a e enviado/a a amar e servir, começando pelo serviço aos últimos da escala social, passando pelo serviço àqueles/as que se congregam no mesmo corpo e chegando a todas as pessoas. É a alegria de quem faz a mística experiência da beleza e da bondade que pulsa nas veias do mundo; daqueles/as que se descobrem chamados/as a pronunciar uma Palavra profética de Deus sobre o mundo; quem reconhece que o Evangelho é mais testemunho que doutrina; das pessoas que ousam ensaiar formas de fraternidade, por mais frágeis que sejam; de gente que experimenta o prazer espiritual de ser povo; de cristãos que vivem intensa e radicalmente a graça da minoridade; de gente que se arrisca na construção de tendas provisórias e leves para os Sonhos que a faz viver.
Itacir Brassiani msf

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