domingo, 28 de dezembro de 2014

Em memoria dos Santos Inocentes

Estou profundamente incomodado com o mundo, com as pessoas...
Poderia ser eu, ou como diz Clarice, “é um pouco de mim que morre”...
“Esses tempo não estão pra ninharia.”
Para viver não basta apenas respirar, andar, conversar. Viver é mais que isso!...
(Paulo Henrique, postulante MSF, Recife)


A ti Deus, que morres assassinado...
Deus, o teu corpo está em putrefação 
nos terrenos baldios. 
Deus, que tens a vida por um fio, 
e, em busca de migalhas ,
roubas os abastados,
e, por isso, acabas sendo preso,
só por querer alimentar os teus.

Meu Deus, que  te encontras preso, 
atado a mais outros quinhentos dentro de uma cela. 
Deus conformado,
Deus com o corpo cheio de tiros, 
Deus preso ao poste,
Deus negro, Deus índio. 
Deus das palafitas,
Deus oprimido,
Deus violentado,
Deus morte de fome.
Deus proibido de ter dignidade, de ter família. 
Deus marginal, desregrado, desvalido.

Onde está Deus? 
Talvez morrendo, talvez nas ruas,
talvez perdido, ainda desaparecido. 

O seu trono está vazio, ele nunca esteve lá. 
O seu rosto é estampado todos os dias nas capas dos jornais, 
mas ninguém o reconhece.

A ti Deus, que morres assassinado, 
faço minha oração. 

Avante! 

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