sábado, 20 de dezembro de 2014

Palavras de salvaçao (16)

“Ao anúncio do anjo, a Virgem acolheu o vosso Verbo inefável, e como habitação da divindade, foi inundada pela luz do Espírito Santo. Pai, que a seu exemplo, abracemos humildademente a vossa vontade!” Para não abandonar sua aposta na aliança com os poderosos, o rei Acaz finge piedade e diz que não pede um sinal do socorro de Deus para não tentá-lo. Na verdade, o que ele não quer é mudar suas convicções e interesses. É sempre a mesma tentação que ronda os que governam, inclusive os da esquerda: confiar mais na aliança com os poderes e partidos tradicionais que nos vínculos com o povo. Será que a dúvida inicial de Maria não viria também dessa mentalidade? Mas ela muda e acaba confiando mais da sombra incontrolável do Espírito Santo que na segurança da Lei, do Templo e do Império. Ela cresce na convicção de que Deus está com ela, que o povo encontra graça aos olhos de Deus e, dele, recebe a capacidade para gerar realidades novas. Descobre que, na sua ação regeneradora e libertadora, Deus prescinde da licença do patriarcalismo. Deus vem às periferias, à perdida vila de Nazaré, como visitara também a casa de Zacarias e retirara o manto da humilhação que escondia Isabel. Se vivesse, Acaz poderia acolher e entender o sinal de Deus: uma estéril no sexto mês de gravidez e uma virgem concebendo um filho sem a submissão a um macho e senhor. Aprendamos nós, pois é em vista de nós que os evangelhos foram escritos. Como Maria e a multidão de testemunhas que a precedem, cercam e sucedem, apresentemo-nos de mãos e corações abertos: “Eis aqui a Servidora do Senhor. Que em mim se realize sua Vontade, e sua Palavra se faça realidade!” Que a Sombra do Espírito nos envolva, e sua Luz faça brilhar nossos olhos. E que nosso caminho seja reto, e se não o for, que as curvas sejam para chegar mais perto dos humildes, e os buracos sejam para retardar nosso passo e caminharmos ao ritmo dos pequenos. E, assim, chegaremos juntos, muitos, à gruta de Belém, mesmo sem presentes nas mãos. Levemos, generosos, nosso olhar... (Itacir Brassiani msf)

Nenhum comentário: