quarta-feira, 18 de março de 2015

Queremos ver Jesus?

Atraídos pelo crucificado
Um grupo de «gregos», provavelmente pagãos, aproximou-se dos discípulos com uma petição admirável: «Queremos ver Jesus». Quando lhe comunicam, Jesus responde com um discurso vibrante em que resume o sentido profundo da Sua vida. Chegou a hora. Todos, judeus e gregos, poderão captar em breve o mistério que se encerra na Sua vida e na Sua morte: «Quando for elevado sobre a terra, atrairei todos para mim».
Quando Jesus for erguido numa cruz e apareça crucificado sobre o Golgota, todos poderão conhecer o amor insondável de Deus, darão de conta que Deus é amor e só amor para todo o ser humano. Sentir-se-ão atraídos pelo Crucificado. Nele descobrirão a manifestação suprema do Mistério de Deus.
Para isso necessita-se, desde logo, algo mais que ter ouvido falar da doutrina da redenção. Algo mais que assistir a algum ato religioso da Semana Santa. Temos de centrar o nosso olhar interior em Jesus e deixar-nos comover, ao descobrir nessa crucificação o gesto final de uma vida entregue dia a dia por um mundo mais humano para todos. Um mundo que encontra a sua salvação em Deus.
Mas, provavelmente a Jesus, começamos a conhecê-lo verdadeiramente quando, atraídos pela Sua entrega total ao Pai e à Sua paixão por uma vida mais feliz para todos os Seus filhos, escutamos mesmo que debilmente a Sua chamada: «O que queira servir-me que me siga, e onde esteja Eu, ali estará também o Meu servidor».
Tudo se inicia num desejo de «servir» Jesus, de colaborar na Sua tarefa, de viver só para o Seu projeto, de seguir os Seus passos para manifestar, de múltiplas formas e com gestos quase sempre pobres, como nos ama Deus a todos. Então começamos a converter-nos em Seus seguidores.
Isto significa partilhar a Sua vida e o Seu destino: «onde esteja Eu, ali estará o Meu servidor». Isto é ser cristão: estar onde estava Jesus, ocupar-nos do que se ocupava Ele, ter as metas que Ele tinha, estar na cruz como esteve Ele, estar um dia à direita do Pai onde está Ele.
Como seria uma Igreja «atraída» pelo Crucificado, impulsionada pelo desejo de «servi-lo» só a Ele e ocupada com as coisas em que se ocupava Ele? Como seria uma Igreja que atraísse as pessoas para Jesus?

José Antonio Pagola

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