quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Evangelho dominical

CURAR-NOS DA CEGUEIRA


Que podemos fazer quando a fé se vai apagando dos nossos corações? É possível reagir? Poderemos sair da indiferença? Marcos narra a cura do cego Bartimeu para animar os seus leitores a viver um processo que pode mudar as suas vidas.
Não é difícil reconhecer-nos na figura de Bartimeu. Vivemos por vezes como «cegos», sem condições de ver a vida como a via Jesus. «Sentados», instalados numa religião convencional, sem forças para seguir os Seus passos. Desencaminhados, «à beira do caminho» que leva até Jesus, sem o ter como guia das nossas comunidades cristãs.
Que podemos fazer? Apesar da sua cegueira, Bartimeu «toma conhecimento» que Jesus está passando pela sua vida. Não pode deixar escapar a oportunidade e começa a gritar: «Tem compaixão de mim». Isto é sempre o início: abrir-se a qualquer chamada ou experiencia que nos convida a curar a nossa vida.
O cego não sabe recitar orações feitas por outros. Só sabe gritar e pedir compaixão porque se sente mal. Este grito humilde e sincero, repetido desde o fundo do coração, pode ser para nós o início de uma vida nova. Jesus não passará ao largo.
O cego continua no chão, longe de Jesus, mas escuta atentamente o que lhe dizem os Seus enviados: «Ânimo! Levanta-te. Está chamando você!». Primeiro, anima-se abrindo um pequeno resquício à esperança. Logo, escuta a chamada de levantar-se e reage. Por fim, já não se sente só: Jesus chama-o. Isto muda tudo.
Bartimeu dá três passos que vão mudar a sua vida. «Atira o manto» porque o estorva para se encontrar com Jesus. Logo, apesar de todavia se mover entre trevas, «dá um salto» decidido. Desta forma «aproxima-se» de Jesus. É o que necessitamos muitos de nós: liberar-nos de correntes que afogam a nossa fé; tomar, por fim, uma decisão sem deixar para mais tarde; e colocar-nos ante Jesus com confiança simples e nova.
Quando Jesus lhe pergunta o que quer Dele, o cego não tem dúvidas. Sabe muito bem o que necessita: «Mestre, que eu possa ver». É o mais importante. Quando se começa a ver as coisas de uma nova forma, a sua vida transforma-se. Quando uma comunidade recebe a luz de Jesus, converte-se.
José Antonio Pagola

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