quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Perguntas para um começo de ano

PREGUNTAS DE ANO NOVO

Hoje começamos um «ano novo». Como será? Que espero eu do novo ano? Que desejo de verdade? Que é que eu necessito? A que dedicarei o meu tempo mais precioso e importante? Que seria para mim algo realmente novo e bom neste ano que hoje começa?
Viverei de qualquer maneira, passando de uma ocupação a outra, sem saber exatamente o que quero nem para que vivo, ou aprenderei a distinguir o importante e essencial daquilo que é secundário? Viverei de forma rotineira e aborrecida, ou aprenderei a viver com espírito mais criativo?
Seguirei este ano afastando-me um pouco mais de Deus ou começarei a procurá-Lo com mais confiança e sinceridade? Seguirei um ano mais mudo ante Ele, sem abrir os meus lábios nem o meu coração, ou brotará por fim da minha alma maltratada uma invocação pequena, humilde mas sincera?
Viverei também este ano preocupado só com o meu bem-estar ou saberei preocupar-me alguma vez em fazer felizes os outros? De que pessoas me aproximarei? Semearei nelas alegria, ou contagiarei desalento e tristeza? Por onde eu passe, será a vida mais suave e menos dura?
Será um ano mais, dedicado a fazer coisas e mais coisas, acumulando egoísmo, tensão e nervosismo ou terei tempo para o silêncio, o descanso, a oração e o encontro com Deus? Irei fechar-me apenas com os meus problemas ou viverei procurando fazer um mundo mais humano e habitável?
Seguirei com indiferença as notícias que dia a dia me chegaram desde os países da fome? Contemplarei impassível, os corpos destroçados das pessoas do Iraque, da Síria ou os afogados das barcas? Continuarei a olhar com frieza e preconceito os que veem até nós procurando trabalho e pão? Quando aprenderei a olhar os que sofrem com coração responsável e solidário?
O «novo» deste ano não nos chegará de fora. A novidade só pode brotar do nosso interior. Este ano será novo se aprendo a acreditar de forma nova e mais confiate, se encontrar gestos novos e mais amáveis para conviver com os meus, se despertar no meu coração uma compaixão nova para com os que sofrem.
José Antonio Pagola

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