quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A Boa noticia, dia-a-dia: 6 de janeiro, quarta-feira

A cena não saía da cabeça dos discípulos e a Palavra de Jesus retinia nos ouvidos deles: cinco mil pessoas famintas sendo alimentadas com os poucos pães e peixes que eles pensavam ser propriedade destinada ao consumo exclusivo de alguns; e o mandamento, claro e direto, “dai-lhes vós mesmos de comer...” Mesmo tendo colaborado com Jesus e obedecido à ordem dele naquela memorável ação no deserto, os discípulos não haviam entendido nada, e isso fazia a travessia do mar agitado ainda mais difícil. O que era mais forte: o vento contrário ou o peso de uma tradição que sustenta a privatização dos bens e a indiferença diante da necessidade e da dignidade dos semelhantes? O que metia mais medo: a presença discreta de Jesus em oração na montanha e nas encruzilhadas da vida ou a difícil travessia que leva do eu e do meu ao Outro e ao nosso? O que causa espanto aos discípulos não é a presença de Jesus no meio do mar, sua passagem à frente ou sua insistência a não ter medo, mas a necessidade de partilhar os bens para saciar os famintos, de passar da indiferença à misericórdia, de passar do saber tudo ao despojamento fecundo da oração ao Pai. João insiste, na sua carta: o amor maduro exclui o medo, tanto o medo do próximo, visto como ameaça, como o medo de Deus, visto como punição. Deus se faz visível, amável e permanentemente acessível quando o amor é a marca das nossas relações. “Deus é amor: quem permanece no amor permanece com Deus, e Deus permanece com ele...” Eis o que suscita e sustenta em nós a confiança, tanto no próximo como em Deus. (Itacir Brassiani msfo

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