quinta-feira, 7 de abril de 2016

O evangelho dominical

SEM JESUS NÃO É POSSÍVEL

O encontro de Jesus ressuscitado com os Seus discípulos junto ao lago da Galileia está descrito com clara intenção catequética. No relato está subjacente o simbolismo central da pesca no meio do mar. A sua mensagem não pode ser mais atual para os cristãos: apenas a presença de Jesus ressuscitado pode dar eficácia ao trabalho evangelizador dos Seus discípulos.
O relato descreve-nos, em primeiro lugar, o trabalho que os discípulos levam a cabo na obscuridade da noite. Tudo começa com uma decisão de Simão Pedro: «Vou pescar». Os restantes discípulos aderem a ele: «Também nós vamos contigo». Estão de novo juntos, mas falta Jesus. Saem para pescar, mas não embarcam escutando a Sua chamada, mas sim seguindo a iniciativa de Simão Pedro.
O narrador deixa claro que este trabalho se realiza de noite e resulta infrutuoso: «aquela noite não colheram nada». «noite» significa na linguagem do evangelista a ausência de Jesus que é a Luz. Sem a presença de Jesus ressuscitado, sem o Seu alento e a Sua palavra orientadora, não há evangelização fecunda.
Com a chegada do amanhecer, Jesus apresenta-se. Desde a margem, comunica com os Seus por meio da Sua Palavra. Os discípulos não sabem que é Jesus, só o reconhecem quando, seguindo docilmente as Suas indicações, conseguem uma pesca surpreendente. Aquilo só se pode dever a Jesus, o Profeta que um dia os chamou para serem «pescadores de homens».
A situação de não poucas paróquias e comunidades cristãs é crítica. As forças diminuem. Os cristão mais comprometidos multiplicam-se para abarcar todo o tipo de tarefas: sempre os mesmos e os mesmos para tudo. Temos de continuar a intensificar os nossos esforços e procurando o rendimento a qualquer preço, ou temos de nos deter para cuidar melhor da presença viva do Ressuscitado no nosso trabalho?
Para difundir a Boa Nova de Jesus e colaborar eficazmente no Seu projeto, o mais importante não é «fazer muitas coisas», mas cuidar melhor da qualidade humana e evangélica do que fazemos. O decisivo não é o ativismo mas sim o testemunho de vida que possamos irradiar os cristãos.
Não podemos ficar-nos na «epiderme da fé». São momentos de cuidar, antes de mais nada, o essencial. Enchemos as nossas comunidades de palavras, textos e escritos, mas o decisivo é que, entre nós, se escute a Jesus. Fazemos muitas reuniões, mas a mais importante é a que nos congrega cada domingo para celebrar a Ceia do Senhor. Só Nele se alimenta a nossa força evangelizadora.
José Antonio Pagola

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