quarta-feira, 22 de junho de 2016

O Evangelho dominical: 26.06.2016

SEM INSTALAR-SE NEM OLHAR PARA TRÁS

Seguir Jesus é o coração da vida cristã. O essencial. Nada há mais importante ou decisivo. Precisamente por isso, Lucas descreve três pequenas cenas para que as comunidades que leem o Seu evangelho, tomem consciência de que, aos olhos de Jesus, nada pode haver mais urgente e inadiável.
Jesus utiliza imagens duras e escandalosas. Observa-se que quer sacudir as consciências. Não procura mais seguidores, mas seguidores mais comprometidos, que o sigam sem reservas, renunciando a falsas seguranças e assumindo as rupturas necessárias. As Suas palavras colocam no fundo uma só questão: que relação queremos estabelecer com Ele, aqueles que nos dizemos seguidores seus?
Primeira cena: Um dos que o acompanham sente-se tão atraído por Jesus que, antes que o chame, ele mesmo toma a iniciativa: «Irei seguir-te aonde quer que vás». Jesus faz-lhe tomar consciência do que está a dizer: «As raposas têm covis, e os pássaros ninho», mas ele «não tem onde reclinar a sua cabeça». Seguir Jesus é toda uma aventura. Ele não oferece aos seus segurança ou bem-estar. Não ajuda a ganhar dinheiro ou a adquirir poder. Seguir Jesus é «viver de caminho», sem nos instalarmos no bem-estar e sem procurar um falso refúgio na religião. Uma Igreja menos poderosa e mais vulnerável não é uma desgraça. É o melhor que nos pode acontecer para purificar a nossa fé e confiar mais em Jesus.
Segunda cena: Outro está disposto a segui-Lo, mas pede-lhe para cumprir primeiro com a obrigação sagrada de «enterrar o seu pai». A nenhum judeu pode estranhar, pois trata-se de uma das obrigações religiosas mais importantes. A resposta de Jesus é desconcertante: «Deixa que os mortos enterrem os seus mortos: tu, vai anunciar o reino de Deus». Abrir caminhos ao reino de Deus trabalhando por uma vida mais humana é sempre a tarefa mais urgente. Nada deve atrasar a nossa decisão. Ninguém nos deve reter ou travar. Os «mortos», que não vivem ao serviço do reino da vida, já se dedicaram a outras obrigações religiosas menos prementes que o reino de Deus e da sua justiça.
Terceira cena: A um terceiro que quer despedir-se da sua família antes de segui-Lo, Jesus diz-lhe: «O que agarra o arado e continua a olhar para trás não serve para o reino de Deus». Não é possível seguir Jesus olhando para trás. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus ficando no passado. Trabalhar no projeto do Pai requer dedicação total, confiança no futuro de Deus e audácia para caminhar atrás dos passos de Jesus.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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