terça-feira, 26 de julho de 2016

Curso de Missiologia (13)

A evangelização e a missao na Idade Média

Esta é mais uma partilha das provocações e informações que nos ofereceu o coirmão Pe. Fernando, da Espanha, durante nosso Curso de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria, que estamos realizando em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Ele nos apresentou esta reflexão no dia de ontem, segunda-feira, no inicio da segunda semana da primeira etapa do curso. 
A queda do Império Romano do Ocidente (século V) inaugura a idade média e novos povos dão origem a novas nações. Surgem as primeiras heresias, diferentes modos de interpretar e viver a fé cristã. Neste período nasce uma nova religião – o islã – ligada ao povo árabe. A perda do Oriente e do Norte da África ao islã desloca a evangelização para o Ocidente europeu, embora os nestorianos continuam no Oriente e chegam à China.
No interior do Império, surgiram estruturas sociais e políticas radicalmente novas. Aparecem novos povos, que trazem ao Império uma nova vitalidade, mas com uma cultura muito diferente daquela que era conhecida e, em certos aspectos, com várias carências. Estes dois dinamismos culturais deverão aprender a conviver e dialogar.
Como os povos germânicos eram muito gregários, identificados com seu líder, a estratégia dos missionários foi converter os chefes e caudilhos e, assim, converter todo o povo.  Temos também bispos muito preocupados com a evangelização, monges muito preparados e mulheres dedicadas à transmissão da fé. O apreço pela dimensão milagrosa e fantástica mobiliza muita gente, de modo que as tumbas dos mártires e as relíquias assumem um grande importância. Algumas vezes, recorreu-se à força e às armas, a imposição dos mais fortes. Finalmente, o caminho do comércio e da cultura tiveram sua importância, assim como os mosteiros, que oferecem os grandes evangelizadores.
As razões da conversão em massa ao cristianismo foram diversas. 1) A admiração pela Igreja por parte de alguns reis e príncipes, muitos dos quais necessitavam dela para assegurar seu poder. 2) A busca de uma salvação individual, garantida por um Deus mais poderoso que os deuses convencionais. 3) Uma fé que dava respostas às inquietações existenciais das pessoas.
Alguns missionários oferecem uma ajuda fundamental e são referências para esta época: Patricio, Columbano, Bonifácio, Agostinho de Canterbury, Cirilo e Metódio. No final do século VII, o cristianismo havia “conquistado” todo o território europeu. Cirilo e Metódio inauguram um caminho de inculturação da liturgia e da pregação, inclusive com a criação de alfabeto e língua.

Evangelização em tempos de cristandade

Cristandade é a forma de sociedade na qual a fé é o cimento que une o povo e os povos. O islã adquire força neste período, tanto no Oriente médio como na Europa, e surgem as cruzadas, como estratégia de missão. As cruzadas refletem uma mentalidade guerreira e conquistadora, mediante a violência e a guerra santa, com o objetivo de impor a fé. Mas surge, pouco a pouco, a vontade de evangelizar de modo pacifico. E esta é a época do surgimento das cidades e das universidades, e, mais tarde, das ordens mendicantes.
As ordens mendicantes oferecem uma grande contribuição à missão: dedicação às cidades nascentes, aos mais pobres; meios pobres e mecanismos democráticos; proximidade dos leigos; preocupação com a formação intelectual; enfrentamento das heresias; uso das línguas vernáculas; escolas teológicas e espirituais; a busca do islã de modo pacifico. Francisco representa este novo paradigma ou caminho de missão: renunciando à força, usando meios pacíficos, mediante uma pregação direta e clara, aproximando-se do povo, enfatizando o testemunho de pobreza acompanhado da caridade, amando inclusive os inimigos.

Nesta época nasce uma insipiente organização missionaria; inaugura-se o envio de missionários especializados e bem preparados; definem-se as políticas de evangelização; enfatiza-se a responsabilidade do Papa, que pede missionários às Ordens e confia a elas territórios missionários; destaca-se o estudo das línguas nativas; surge a teologia da missão (Humberto de Romans; Ricoldo de Montecroce; Raimundo Lulio); fundam-se colégios missionários.
Itacir Brassiani msf

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