terça-feira, 26 de julho de 2016

Curso de Missiologia (15)


Evangelização no período contemporâneo
Esta é a terceira partilha das informações e provocações que nos ofereceu o Pe. Fernando, coirmão MSF da Província Espanha, durante nosso Curso de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria, que estamos realizando em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Ele nos apresentou esta reflexão no dia de ontem, segunda-feira, no início da segunda semana da primeira etapa do curso. 
O século XIX conheceu um impressionante reflorescimento missionário. Na base desse renascimento estão alguns fatores culturais e institucionais: 1) O progresso das comunicações; 2) A mentalidade aventureira e de exploração, 3) Colonização de novas terras, abertura de algumas nações até então fechadas ao Ocidente; 4) A renovação geral da vida cristã; 5) a restauração de várias congregações; 6) A atenção dos Papas (Gregório XVI, Bento XV, Leão XIII); 7) O novo modelo missionário centrado em Roma; 8) A partilha dos territórios de missão entre as Congregações missionarias...
Neste período, surgem tensões entre o clero missionário e o clero nativo e confusão entre Evangelho e nacionalismo. As Congregações religiosas assumem um papel de protagonista. Surgem as sociedades missionarias e as ordens polivalentes. Muitas ordens antigas monásticas se abrem ao apostolado. Ocorre o nascimento de congregações dedicadas exclusivamente às missões. Entre 1805 e 1900 nascem muitas novas congregações missionarias, especializadas nas missões. Uma novidade são os institutos religiosos de irmãos leigos e de irmãs religiosas apostólicas. O Papa Pio XI estimulou a fundação de congregações femininas nativas. Em meados do século XX os leigos passam a ser considerados importantes na tarefa missionaria da Igreja.  Entre 1818 e 1924 surgem mais de 270 associações leigas missionarias. E são fundadas centenas de revistas missionarias.
O imperialismo aparece com força a partir de 1880. A derrota de alguns países nas guerras intestinas da Europa leva à busca uma alternativa expansionista fora da Europa, inclusive para exportar civilização. O retrato mais simbólico do imperialismo é a divisão da África entre os países europeus. Esse imperialismo influi nas missões, que passam a ocupar os lugares que lhes são conferidos pelas potencias imperiais (hospitais, escolas, etc.), justificando-se por questões humanitárias. Colonizadores e evangelizadores partilham dos mesmos princípios. Administradores, militares, exploradores e missionários parecem dedicar-se à mesma causa: a exaltação e a expansão da pátria e da cultura de origem.

O novo paradigma de missao do Vaticano II

Na perspectiva missionaria, o Concilio Vaticano II representa uma radical mudança de paradigma. Ele propõe e inicia uma série de passagens, saídas, travessias:
1.        De uma missão que apenas envia ou recebe a uma missão de intercambio. 
2.        De uma missão cujo fim é a Igreja a uma missão cujo fim é o reino de Deus.
3.        De uma missão num espaço geográfico a uma missão numa situação humana.
4.        De uma missão sacramentalista e superficial a uma missão que penetra na cultura popular.
5.        De uma missão centralizada na Igreja universal a uma missão que prioriza as Igrejas.
6.        De uma missão de conservação a uma missão que assegura a criatividade e a inovação.
7.        De uma missão clerical a uma missão comunitária e leiga.
8.        De uma missão assistencialista a uma missão promotora da justiça e da emancipação.
9.        De uma missão estática e repetitiva a uma missão a caminho e criativa.
10.    De uma missão centrada na atividade a uma missão conjugada com a oração e a contemplação. 

Itacir Brassiani msf

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