quarta-feira, 27 de julho de 2016

Curso de Missiologia (19)

Nossa tarefa: contribuir com a ação missionária da Igreja.

Depois de um breve resgate de alguns textos fundacionais e de uma breve memoria da concretização do carisma na história, na minha contribuição de hoje ao Curso de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria refleti sobre as mudanças sugeridas e exigidas pelo Concilio Vaticano II e consignadas em nossas Constituições. Finalmente, tendo isso como horizonte, propus a operacionalização do nosso carisma missionário hoje em cinco linhas ou eixos articuladores.

1.   Participar da atividade missionária da Igreja
A atividade missionária da Igreja compreende o que se chama de missão ad gentes, nos seus diversos âmbitos (territorial, social e cultural). Trata-se do conjunto de iniciativas que vai desde o primeiro anúncio e o testemunho profético e transformador até a apresentação de caminhos concretos para a vivência da justiça e da paz.
São iniciativas e atividades que têm caráter de fronteira, e exigem grande dose de abertura e criatividade. Lendo os sinais dos tempos e sintonizando com a Igreja de hoje precisamos, de tempos em tempos, individuar os campos prioritários desta missão, tanto nas antigas como nas novas Igrejas. E devemos fazê-lo no interior da Igreja e como corresponsáveis pela Igreja.

2.   Contribuir no fortalecimento das Igrejas locais
Priorizando as regiões e situações nas quais a Igreja ainda não alcançou vitalidade ou a perdeu, podemos assumir paróquias e pastorais específicas, com o objetivo de contribuir para o amadurecimento da Igreja local. E é muito importante não priorizar os interesses da Congregação em detrimento das reais necessidades e urgências da Igreja local.
Mas, como a maturidade eclesial não se expressa prioritariamente na consolidação das estruturas físicas e jurídicas, o foco do trabalho deve ser a dinamização da vida comunitária, a formação e promoção dos diversos ministérios leigos, o estímulo às diversas vocações, o compromisso com a paz e a justiça e a solidariedade com os pobres.

3.   Animar o espírito missionário nas Igrejas particulares
A inserção nas Igrejas com fraca vitalidade é um critério importante, mas não exclusivo, da nossa missão. À medida em que o protagonismo missionário está se deslocando dos institutos especificamente missionários para as Igrejas particulares, qualquer Igreja local pode ser lugar de missão. Mas nossa inserção nessas Igrejas deve ser bem definida. Não podemos simplesmente confundirmo-nos com o clero diocesano e paroquializar nosso apostolado.
Cabe-nos despertar, promover e manter a missionariedade da Igreja local através de iniciativas diversas como: organização de centros de animação missionária; criação de organismos de animação missionária nas comunidades paroquiais; participação nos organismos missionários diocesanos e regionais; comunicação e campanhas missionárias; criação de comunidades missionárias interculturais; etc.

4.   Despertar, acolher e formar vocações missionárias
O empenho pessoal do Padre Berthier na acolhida e formação de vocações missionárias deve continuar e se expressar criativamente no contexto eclesial e social no qual vivemos. Não esqueçamos que o filão priorizado pelo Fundador era o das vocações missionárias que corriam o risco de se perderem. Ele não cansava de repetir que não fundara um instituto para competir com os demais, mas para suprir uma lacuna!
Hoje, essa dedicação à formação de vocações missionárias pode se desdobrar em iniciativas como: oferecimento de um percurso formativo essencialmente missionário aos nossos formandos; criação de caminhos concretos para despertar, formar e enviar missionários leigos; formação de comunidades eclesiais comprometidas com o anúncio, o testemunho e a realização do Reino de Deus no seu espaço e além-fronteiras; preparação de leigos e leigas para o trabalho pela paz, pela justiça e pelos direitos humanos; organização e manutenção de centros de animação e formação missionária; oferecimento de possibilidades de participação em experiências missionárias aos jovens; etc.

5.   Organizar e animar a pastoral das famílias
Considerando a Pastoral das famílias como uma ênfase sugerida pelo testemunho do próprio Fundador, subordinamos esta atividade ao anúncio, testemunho e construção do Reino de Deus. Junto com o objetivo de levar o apoio da fé e da Igreja às famílias concretas, nossa Pastoral das famílias precisa ter características missionárias, ou seja: fazer das famílias sementeiras de vocações missionárias; criar condições para que as famílias se tornem células vivas de uma Igreja comunitária e libertadora, autênticas igrejas domésticas; promover seu engajamento nas causas da justiça, da paz e da integridade da criação.
Percorrendo cada um destes caminhos ou o seu conjunto estaremos dando efetividade ao nosso carisma hoje. Mas me parece importante acrescentar que, como congregação e como unidades provinciais, precisamos garantir sempre e em tudo o caráter comunitário da nossa vida e missão. A comunidade religiosa entra no discernimento e no planejamento, nas atividades concretas e na avaliação das prioridades e atividades, mas também oferece o ambiente familiar e a base fraterna tão necessários para a perseverança e crescimento dos missionários.

Itacir Brassiani msf

Nenhum comentário: