quinta-feira, 28 de julho de 2016

Curso de Missiologia (23)

Conflitos interculturais e inculturação

Apresentamos aqui a terceira parte da reflexão feita pelo Pe. Joaquim Andrade no nosso Curso de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria, aqui em Santa Cruz de la Sierra: conflitos interculturais e fases da inculturação.  Os conflitos são percebidos como desentendimentos substanciais, envolvem as emoções, aumentam o stress, a ansiedade e a raiva. Estas tensões podem ser expressas de forma direta ou indireta. Podem ser formas mais rígidas ou mais flexíveis.
Na convivência intercultural todos precisamos aprender a deixar, a sair, e a chegar. Para tanto, necessário é definir onde eu quero chegar, onde a congregação quer que eu chegue, onde a cultura local quer que eu chegue. Deixar nossa tribo significa deixar nossa segurança, minha identidade, coisas e relações familiares.
O processo de inculturação conhece diferentes fases. Há uma série de dificuldades iniciais: choro, solidão, busca da comida e da cultura de origem. Se tivermos fortes raízes na cultura de origem, temos possibilidade de desenvolver um bom trabalho onde chegamos, e se as raízes foram superficiais, também o trabalho poderá ser pouco frutuoso.
A primeira fase é a da novidade: O missionário sente-se feliz por estar num pais e numa cultura diferente, quer conhecer as coisas. Ele também é uma novidade para o povo.
A segunda fase é a da dor: O missionário começa a enfrentar os problemas de adaptação (língua, cultura, deslocamento). Começa a criticar tudo o que existe no pais hospedeiro, e pode entrar numa situação de desordem profunda. O que era bonito não o é mais... Aqui são importantes as atividades comunitárias, da direção espiritual e da oração.
A terceira é a fase da independência: O missionário já assimilou a língua e a cultura, expressa seus pensamentos e percepções, e a sensação de deslocamento vai desaparecendo. Começa a se abrir e busca afirmar seu lugar.

Itacir Brassiani msf

Nenhum comentário: